segunda-feira, 10 de maio de 2010

The Long Ships - Cenário Viking para Cthulhu Dark Ages (Parte 1)

Esse foi o primeiro cenário que mestrei alguns anos atrás. A imagem do Star Spawn frente a frente com um navio viking foi a inspiração para a estória que foi crescendo. A idéia era fazer uma aventura rápida envolvendo Vikings e os Mitos de Cthulhu na Costa da Irlanda, mais especificamente em Limerick no sul da "ilha verdejante". A época das invasões vikings no fim do Século IX.

Os jogadores assumiram o papel de saqueadores nórdicos vindos de Hordaland na atual Noruega. O bando viajava em um Drakaar ou Long Ship, um dos resistentes barcos vikings que cruzavam o Mar do Norte em busca de vilarejos para serem saqueados.

Escrevi o cenário empolgado com o Dark Ages, logo após ter lido o livro e como o grupo já fazia um tempinho havia demonstrado interesse em jogar em uma ambientação viking, a oportunidade serviu como uma luva.

Personagens dos Jogadores:

Bjorn Lüdbrok, 32 anos
Marinheiro e Guerreiro

Bjorn é o segundo em comando à bordo do Drakkar e em mais de uma ocasião liderou os homens nas pilhagens. Os outros guerreiros o respeitam e acreditam que ele um dia será um ótimo líder. Para isso no entanto, Bjorn tem que conseguir riqueza suficiente para construir seu próprio barco de guerra e sair da sombra de Ivar Sturlunson a quem serviu nos últimos anos.

Habilidoso com a espada, Bjorn tem um sonho recorrente com uma terra distante além da linha do horizonte. Nessa terra ele acredita encontrará seu destino na forma de riqueza e glória.



Leif Haraldson, 20 anos
Guerreiro e Saqueador

Leif é um jovem guerreiro e a viagem atual é apenas a sua segunda em mar aberto. Ele é filho de Harald Noveler, um importante guerreiro que conseguiu grande fortuna na juventude. Leif quer provar ser tão capaz quanto seu pai e por isso tende a se arriscar nos combates em que se envolve.

Suas armas e armadura são da melhor qualidade, usadas no passado pelo pai e forjadas por grandes armeiros. Alguns o consideram ainda muito inexperiente e questionam sua verdadeira vocação para a guerra.




Olaf de Gokstad, 50 anos
Marinheiro, carpinteiro e cozinheiro de bordo

O mais velho à bordo do Drakkar, Olaf acumula a função de carpinteiro e cozinheiro. Ele também é um conselheiro natural uma vez que já era velho antes da maioria de seus companheiros ter barba no rosto. Apesar do corpanzil e de se mover lentamente ele é como um grande urso em combate.

Tendo participado de mais pilhagens do que consegue se lembrar, ele afirma todo ano que a viagem atual será a última. Ele espera conseguir escravos e riqueza suficiente para cumprir essa promessa.

Rurik Sigmundson, 30 anos
Guerreiro

Quieto e taciturno, Rurik é um guerreiro respeitado pelos demais. Furioso manejando o machado, na juventude ele era chamado de "O Lobo Cinzento". Há cerca de 4 anos, ele se afeiçoou a uma escrava que conseguiu numa pilhagem. Rurik acabou se casando com a mulher nascida na Gália e desde então adotou alguns dos costumes dela. O pior deles, a estranha religião dos cristãos. Mas é preciso mais do que isso para amansar o "Lobo Cinzento" e em combate ele continua sendo uma presença aterrorizante sobretudo quando investe com seu machado.



Brodir, o Louco, 24 anos
Marinheiro e Guerreiro

Brodir foi ferido gravemente por um aldeão há dois invernos. O homem o acertou em cheio na cabeça com um porrete. O golpe o desacordou e ele ficou vários dias entre a vida e a morte. Mas ele se recuperou, talvez por ter a cabeça excepcionalmente dura.

Porém Brodir nunca mais foi o mesmo. Alguns dizem que a pancada o deixou meio maluco, mas outros afirmam que ele sempre foi desse jeito. Brodir é uma companhia estranha já que costuma falar sozinho respondendo às vozes dentro de sua cabeça, situação que piora muito quando bebe. Apesar de estranho, seus companheiros já se acostumaram com sua boca suja e os xingamentos que ele costuma gritar ao vento.


O Cenário

Cena 1: À bordo do Drakkar

Como é adequado a um cenário envolvendo Vikings, a aventura começou em alto mar com os marinheiros se aproximando da Costa de Limerick após uma semana de navegação pelo turbulento mar do norte. Apesar de todos serem marinheiros experientes, eles mal podem esperar para pisar em terra firme. O barco transporta 35 rudes homens do mar, habituados a tempestades e sangrentas batalhas.

O líder do bando, um veterano chamado Ivar Sturlunson fala a respeito do alvo do ataque, um povoado chamado Inisprager. Trata-se de um vilarejo pequeno, com menos de 100 habitantes. Nessa época do ano os homens se dedicam a trabalhar nos campos mais ao norte de modo que o bando deve encontrar apenas mulheres, crianças e velhos. Mesmo assim ele avisa para que tomem cuidado e para que sejam rápidos, peguem tudo o que tiver valor, escolham apenas mulheres bonitas e jovens e que matem apenas os que de alguma forma reagirem. É preciso também conseguir suprimentos para a viagem. Depois do ataque, o plano é seguir para o porto de Ogdelia no Oeste da Anglia. Olaf diz que preparará uma ceia completa para festejar a vitória e Ivar avisa que se tudo correr bem, recompensará o bando com uma parte maior que a combinada do saque.

Os homens sacam suas armas e bradam alegremente. Odda, o Skald pega seu tambor e começa a bater uma canção de guerra que fala de vitória e conquista. Olaf providencia um odre de bebida e todos começam a entornar e cantar para afastar o frio dos ossos.

Cena 2: O Ataque a Inisprager

Os marinheiros conduzem o Drakkar até perto da costa onde o barco é deixado num banco de areia. Vinte saqueadores desembarcam e se preparam para ataque. Inisprager fica a cerca de 500 metros além da praia de areia escura.

Os guerreiros - alguns totalmente bêbados - acendem tochas pois apesar de ser dia está escuro e chuvoso. Avançando por uma trilha, logo chegam ao povoado estranhamente silencioso. Os homens começam a arrebentar as portas em busca dos habitantes do vilarejo, mas tudo o que encontram são casas vazias. O povoado parece ter sido abandonado e não há ninguém para dizer o que aconteceu. Rurik e Leif encontram indícios de que houve uma luta, há manchas de sangue em uma das casas. Em outra encontram um velho com o pescoço torcido como um graveto.

Bjorn verifica que animais também foram levados, é possível que tenham sido portanto saqueadores. Entretanto é estranho que os saqueadores tenham levado todos os habitantes de Inisprager, a não ser que eles tenham vindo com mais de um barco. Mesmo assim nem tudo de valor foi levado, Brodir fica satisfeito ao encontrar peles em uma das casas.

O grupo decide seguir até uma pequena igreja cristã de pedra caiada. A porta é derrubada e lá dentro encontram um sacerdote caído em frente a uma cruz de madeira. Brodir o examina e constata que ele está vivo, e o acorda violentamente. Rurik ordena que o religioso seja tratado com respeito.

O homem foi gravemente ferido, ele tem um corte profundo no tórax e algumas costelas partidas. Ele repete palavras num idioma que Rurik identifica como sendo latim, a língua dos padres cristãos, seu conhecimento dessa língua no entanto não lhe permite entender tudo que ele diz. Finalmente ele acaba morrendo apontando antes para um nicho na parede da igreja. Lá dentro dos saqueadores encontram um cálice e cruz trabalhados em metal, aguns brocados e uma série de pergaminhos. Os homens se entreolham, nenhum deles é versado em leitura. Certos desenhos no entanto são estranhos, mostrando homens com traços batráquios e monstros marinhos medonhos. Bjorn guarda os documentos.

Alguns homens não parecem nada satisfeitos, insistem que Inisprager foi varrida por alguma praga. Outros sussurram que o destino dos aldeões foi ainda pior e cospem de lado para afastar o mal.

Bjorn decide que é melhor retornar ao Drakkar levando o pequeno saque obtido, enquanto isso alguns dos saqueadores ateiam fogo às casas.

Já perto da praia Brodir e Leif avistam o que parece ser uma pessoa dentro da água. Leif avança impetuoso como sempre, espada desembanhada na mão. A figura escura mergulha se perdendo entre as ondas do mar. O jovem é envolvido pela arrebentação e quase se afoga. Bjorn e Rurik o resgatam das águas turvas. Leif não sabe descrever ao certo o que viu, parecia um homem de baixa estatura observando, com água até a cintura. Quando foi avistado mergulhou desaparecendo. Brodir descreve a coisa como um homem de olhos grandes e boca larga rasgada de um lado ao outro, mas como ele começa a brigar com as vozes em sua cabeça seu relato acaba sendo desconsiderado.

Bjorn e Olaf encontram um estranho rastro na areia, mas decidem não mencionar a descoberta aos demais. O moral já está baixo e os homens não precisam, decidem eles, ver a estranha pegada que foi deixada por alguma coisa muito grande.

Retornando ao Drakkar, os vikings amarram cordas ao barco e o libertam do banco de areia. A pilhagem foi menor do que o esperado, todos estão inquietos e reclamando. A medida que o Drakkar se afasta, as colunas de fumaça negra se erguem sobre o vilarejo engolido pelas chamas.

Cena 3: A Fúria da Tempestade

Os marinheiros discutem o que teria acontecido ao vilarejo enquanto fazem seu trabalho. Logo a embarcação deixa a costa entrando em mar aberto rumo a Anglia Ocidental.

Odda, senta-se no tombadilho com os demais e fala a respeito de velhas lendas. O homem é um skald e conhece muitas estórias sobre o mar. A medida que conta a respeito de serpentes marinhas e outros horrores o lamento de uma baleia ecoa na noite. "Mau presságio!" sussurra um dos marinheiros.

Na madrugada, o vigia alerta para uma tempestade que se forma no horizonte. Ventos furiosos espirram água salgada no tombadilho, raios iluminam a noite e enormes ondas se tornam cada vez mais furiosas. "É a cólera de Thor, pois prometemos sangue e pilhagem e não conseguimos nem um e nem outro!" grita Odda.

O Drakkar oscila de um lado para o outro, os homens lutam para manter o curso e consertar as velas que se rasgaram com a tormenta, mas um raio atinge em cheio o mastro. Bjorn e Leif correm para retirar homens de sobre o mastro destruído. Odda então aparece no tombadilho com os olhos petrificados de um louco.

"Os demônios do mar querem nos arrastar para as profundezas! Eles estão ao redor do barco!" grita ele à plenos pulmões. O Skald fala mais alguma coisa que se perde em meio ao zunido do vento. Um novo raio passa perto e quando os marinheiros se voltam, Odda simplesmente sumiu!

"Homem ao mar!" grita um dos marinheiros apontando para o mar inclemente. "Odda se foi!" responde Leif vendo o homem em meio às ondas e os demais se aproximam da borda tentando localizá-lo. Os homens preparam uma corda, mas no momento seguinte o skald é puxado para as profundezas e desaparece.

"Em nome dos deuses!" murmura Rurik, "o que foi aquilo?".

Ninguém tem tempo de responder, uma onda colossal despenca sobre o Drakkar. O som de madeira quebrando e homens gritando se faz ouvir. E então cada um sente o abraço gelado do mar os envolver.

4 comentários:

  1. Otima matéria...

    Usarei como intrudução para um jogo de Mago O Despertar!

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  2. Parabéns, novamente, Luciano pelo excelente trabalho nesse cenário Viking (Uma ambientação que eu sou admirador).
    Ótimos textos e boas imagens.

    Mas fiquei com uma dúvida: Haverá continuação?

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  3. Opa Rafael,

    Para não ficar um texto muito grande achei melhor cortar a descrição do cenário em duas partes.

    Ainda tem a conclusão da "saga" Viking.

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  4. Idéia bem original e interessante. Deve ser curioso mestrar esta aventura em outro sistema (como Gurps) sem falar para os players q se trata de CoC.

    Aguardando o desfecho.

    Clayton Mamedes

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