segunda-feira, 20 de setembro de 2010

RolePunkers Número 0

Por Clayton Mamedes

Confesso que estava um pouco curioso para botar os olhos na edição de estreia da RolePunkers. Sou um órfão da extinta Dragão Brasil e ainda não existem substitutos nacionais para tal lacuna. Será que a debutante RolePunkers consegue assumir esta posição?


Chegou o momento e fiz o download da revista pelo portal da RetroPunk. Deparei-me com uma capa literalmente insana – um ótimo sinal. Lendo o editorial pude compreender que estava errado em pensar que esta seria a substituta da DB, afinal a RolePunkers nem almeja isso e sim algo muito melhor e diferente: neste editorial, o Guilherme já dita as regras do jogo. A RolePunkers não será uma edição comercial comum, não teremos colunas e autores fixos, mas sim traduções e adaptações livres, com opiniões de fãs e coisas correlatas. Sem prazos, sem pretensões exceto familiarizar o público com a aposta da editora (os jogos fora do mainstream), através de uma edição promocional. Uma ótima proposta.

A diagramação do interior da revista é semelhante à que foi utilizada no próprio Rastro de Cthulhu, com suas três colunas e tonalidade sépia com ilustrações realizadas pelo fenomenal Jérôme Huguenin.

Seguindo o breve e revelador editorial, temos as matérias relacionadas abaixo.

Lovecraft e o RPG, por Luciano Giehl: uma análise da influência de HPL nos jogos de RPG, contendo uma pequena biografia do solitário escritor de Providence e a criação do jogo Call of Cthulhu. Um prato cheio para quem quer conhecer a história destas duas lendas. Cotação: excelente!

Bel Sharnath, um Horror do Mythos para D&D 4ª Edição: acompanhado de uma bela ilustração de Jeremy McHugh temos a descrição de um horror lovecraftiano para jogos de D&D – uma espécie de avatar chamado Bel Sharnath (lembra a cidade de Sarnath, não?). Além do texto descritivo do bicho, ainda temos as estatísticas completas para o seu uso em jogo. Um aspecto interessante é a existências dos fragmentos de informações ou boatos, como presentes nos diversos monstros de Trail. Uma louvável iniciativa de variação em um universo tão estático como o de fantasia medieval. Cotação: bom!

Do Chamado ao Rastro, por Robin D. Laws: neste artigo, o criador do sistema GUMSHOE explica a real necessidade (ou objetivo) de se jogar Rastro de Cthulhu – a mudança na estrutura dos cenários investigativos. Além de incluir exemplos e exercícios mentais para esclarecer as diferenças entre os sistemas, Laws também analisa as possíveis resistências que grupos mais antigos e dedicados ao Call podem apresentar. Cotação: ótimo!

Entrevista com Robin D. Laws, Simon Rogers e Kenneth Hite: nesta série de entrevistas foram utilizadas questões formuladas pelos integrantes da comunidade Call of Cthulhu – Horror RPG do Orkut, coordenada pelo Luciano Giehl. Os relatos são interessantes e curiosos, com destaque para as respostas de Hite. Cotação: bom (excelente para a entrevista com Kenneth Hite).

Resenha: Rastro de Cthulhu, por Leonardo Lourenço: não é material inédito, pois pode ser conferido no mês passado aqui no blog, mas ainda assim trata-se de um coerente e detalhada análise da obra Rastro de Cthulhu. Leia e você ficará com mais vontade ainda de comprar logo o seu. Cotação: Ótimo!

Criando o seu Investigador, por Jason Durall: neste artigo temos a apresentação de um roteiro para a criação de um Investigador em RdC, utilizando 6 rápidos passos. Necessário neste momento? Creio que não. Cotação: razoável!

O Convite. Uma Aventura Solo para Rastro de Cthulhu: o volume é finalizado com uma breve aventura solo com ambientação lovecraftiana, composta por 43 entradas. A intenção é das melhores, porém a execução não foi feliz. Os textos e a sequência são muito confusos, atrapalhando a diversão. Cotação: fraco!

No geral, a impressão que a edição de estreia da RolePunkers deixou foi muito boa. A proposta um tanto descompromissada, aliada a conteúdo de qualidade formam uma base realmente promissora. Como ponto de melhoria, pode-se destacar a presença de vários errinhos de digitação e trechos com tradução confusa – totalmente perdoáveis e que um pouco mais de atenção na revisão certamente resolverá.

Boa iniciativa e esperando pela próxima edição. E a Dragão Brasil? Esqueça. Não sinto mais falta.

5 comentários:

  1. Obrigado pela resenha, sabíamos da existência dos erros, mas depois da terceira ou quarta leitura, tudo fica muito igual, mas vamos melhorar para a próxima, que deve conter material sobre o Esoterroristas e o Stunning Eldritch Tales.

    A aventura solo realmente é confusa, mas acho que é devido a quebra que o Sam fez para colocar naquele formato, mas, como nós avaliamos, valia a pena por um contato inicial com o universo. :)

    ResponderExcluir
  2. Eu gostei também e da aventura também, acho que é questão de acostumar com PDF....

    ResponderExcluir
  3. Olá Guilherme!

    Nem precisa se esclarecer! Parabéns pela iniciativa e ótima revista. Creio que atingiu (e superou) em cheio o objetivo.

    Ansioso pelo #1!

    Clayton Mamedes

    ResponderExcluir
  4. Ola.

    Demais essa revista, baixei seu conteúdo e percebi alguns detalhes importantes; na revista percebi vários lançamentos como Esoterrorist, Rastro de Cthulhu,e outras aventuras e artigos relacionados ao tema Lovercraft, isso é verdade? Vão traduzir e comercializar aqui no Brasil esses livros?
    Se for verdade vou soltar fogos aqui em Recife, hehehe.

    ResponderExcluir
  5. Olá Timbu, sim, a RetroPunk está trazendo ao Brasil o sistema GUMSHOE que inclui Rastro de Cthulhu, Esoterroristas, Mutant City Blues, entre outras coisas bem bacanas.

    ResponderExcluir