segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Um pequeno recesso - Breve estaremos de volta!

Olá pessoal,
Gostaria de dizer que estou ocupado investigando alguma manifestação estranha ou um caso bizarro envolvendo o Mythos de Cthulhu, quem sabe até dedicando meu tempo livre a leitura de um tomo de conhecimento esotérico, mas na verdade estou mesmo é de férias...
Enquanto isso, o blog fica temporariamente em recesso, mas logo estaremos de volta com nossa programação normal.
Ia! Ia! Para todos!

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Horror real - Feitiçaria em ascensão na África do Sul

Uma triste verdade à respeito de ficção de horror é que não importa o quão terríveis as situações inventadas pelos autores, o mundo real sempre será capaz de superá-las.

Pouco do que se inventa chega aos pés das coisas horríveis que se pratica, realiza ou impinge no mundo real. O caso a seguir é parte de uma reportagem investigativa à respeito de práticas envolvendo feitiçaria na África do Sul às vésperas da Copa do Mundo de 2010.

O desaparecimento de Sibisuso Nhatave, um garoto de 14 anos, deu início a uma intensa busca policial na província de KwaZulu-Natal no leste de Durban, uma das principais cidades da África do Sul. As autoridades temem que o desaparecimento esteja relacionado com a crescente onda de feitiçaria que o país vem experimentando nos últimos anos e que o rapaz seja mais uma vítima dos praticantes de magia negra.

Sibisuso desapareceu enquanto retornava do colégio, amigos próximos a ele afirmam que essa foi a terceira vez que elementos ligados a clans praticantes de feitiçaria tentaram sequestrar o rapaz. Sibisuso é albino e para algumas tribos, o albinismo é visto como uma manifestação mística. Em termos gerais, o sacrifício de uma criança albina é consideravelmente mais valioso que o de uma criança comum.

Albinismo é uma condição genética hereditária, uma degeneração na pigmentação da pele cujo efeito é pele, olhos e cabelos claros. Tal condição é vista nessa parte da África como uma ligação mágica com o mundo espiritual. Os albinos segundo as crenças são abençoados por espíritos ou possuem uma ligação mística latente que os diferencia. Essa crença tem colocado em risco a vida de inocentes.

Jornais da África do Sul vêm chamando a atenção para esses casos há meses. Uma verdadeira febre de feitiçaria têm se espalhado entre a população que redescobriu alguns antigos costumes tribais. Templos rústicos nos subúrbios super-populosos na Cidade do Cabo, Durban, Pretória, Maputo e Johannesburgo se multiplicam, conduzindo abertamente rituais que eram até algumas décadas atrás duramente reprimidos pelo regime do Apartheid.

"Muitas pessoas acreditam que essas coisas acontecem apenas nas áreas rurais ou bem longe das cidades, mas estão enganadas", comentou o detetive Borand Treassou que trabalha em Durban. "Feitiçaria e rituais que envolvem sacrifícios humanos são mais comuns do que se pode imaginar, e eles estão acontecendo nas grandes cidades, envolvendo um número cada vez maior de pessoas".

Para reforçar seu ponto, o policial apresentou alguns panfletos que são distribuídos nas ruas de Durban. Neles, alegados feiticeiros e shamans prometem vantagens para aqueles que buscarem seu aconselhamento. Alguns prometem ser capazes de interceder junto a espíritos por intermédio de cerimônias de sacrifício. "É claro, nenhum feiticeiro diz publicamente que realiza sacrifícios, mas eles ocorrem e todos sabem disso".

Treassou apresentou também um vídeo filmado pelos policiais durante uma batida a um desses templos nos arredores da província de Famasi. Nele podem ser vistas centenas de pessoas participando de uma espécie de ritual de magia negra onde crianças seriam sacrificadas.

A irmã mais velha de Sibisuso, Zulmira Nhatave que também é albina confirma essa informação: "Tivemos de nos mudar várias vezes. Tínhamos medo que algo pudesse acontecer, pois há pessoas muito más que perseguem pessoas como eu e meu irmão", relatou a garota que ainda teme pela sua vida.

A polícia de Durban realizou pelo menos 14 grandes operações para coibir a prática de magia negra. "Em mais de uma ocasião testemunhamos concentrações de 300 pessoas envolvidas nas celebrações" contou o policial. As diligências da recém criada Secretaria de Repressão aos Crimes envolvendo tradições étnicas, efetuou mais de 200 prisões. A divisão tem um apelido muito sugestivo, são chamados de "Caçadores de Feiticeiros".

Apesar dos esforços das autoridades é muito difícil combater esse tipo de crime na África do Sul. Em primeiro lugar porque o país ainda se encontra muito sensibilizado à respeito de qualquer tipo de proibição imposta a liberdade religiosidade. Por décadas, o povo sul-africano foi proibido de exercer sua cultura religiosa e quando o Apartheid enfim foi desarticulado uma das primeiras leis instituídas foi a que garantia liberdade religiosa. Na verdade muitos grupos chamam a Secretaria de Repressão de fascista e criticam a sua ação.

"Recebemos muitas ameaças" revelou um investigador ligado à secretaria, "é claro, fazemos nosso trabalho, mas tememos pela segurança de nossas famílias e entes queridos". O mesmo policial que não quis se identificar disse que alguns de seus colegas simplesmente desistiram de trabalhar nessa divisão por temer a ação das gangues comandadas pelos feiticeiros. Policiais foram assassinados e famílias aterrorizadas.

Enquanto isso, albinos continuam a se sentir ameaçados. Assim como o rapaz desaparecido e sua irmã, Jogo Yathave, de 16 anos, morador de Pretória se diz aterrorizado. Segundo ele, muitos jovens albinos vivem com medo e evitam sair de casa sozinhos depois do cair da noite. "Há gangues especializadas em encontrar, perseguir e raptar jovens que são vendidos como sacrifício. Jovens albinos podem valer muito para esses criminosos".

No passado, albinos eram vistos como pessoas de sorte; um costume muito popular envolvia apertar a mão de albinos e assim obter "boa sorte". Mas hoje as coisas são bastante diferentes. O número de mulheres e meninas albinas vítimas de violência sexual é alarmante. Algumas pessoas acreditam que ter relações com uma mulher albina traz virilidade.

Práticas denvolvendo magia negra sempre fizeram parte da cultura sul-africana, mas nos últimos anos elas tem conquistado um grande número de adeptos. O grande número de "casas de ritual" é prova cabal dessa ascensão espiritual. O número delas segundo um levantamento oficial aumentou 200% nos últimos dois anos.

"Nada temos contra manifestações pacíficas religiosas" disse o porta voz da Secretaria, "nossa meta é reprimir as formas de violência e coerção". O trabalho não têm sido tão fácil. Sofrendo ameaças e pressões, os "Caça Feiticeiros" operam com cuidado e gravam cada uma de suas operações para demonstrar que agem dde acordo com a lei. Eles acabam enfrentando grupos capazes de verdadeiras atrocidades.

"Já houve casos em que quadrilhas chefiadas por feiticeiros vendiam órgãos arrancados de crianças e guardados em garrafas. Em outro caso horrendo um bruxo foi preso com um cobertor feito com a pele de albinos". disse Treassou. Nas ruas de Durban há um verdadeiro mercado negro envolvendo sangue, cabelos e genitais de albinos que podem ser negociados no submundo das grandes cidades. Nesses lugares quase tudo pode ser comprado e obtido.

A Magia Negra também parece estar em alta em nações no norte do continente, em países como a Tanzânia, o governo instituiu leis para combater o problema. Lá, garotas albinas tem sido estupradas por homens que acreditam que elas tem o poder de curá-los da AIDS.

Lawrence Mthombeni, um político negro e albino da África do Sul comentou: "Há crenças absurdas em certas comunidades negras. Algumas pessoas acreditam que albinos envelhecem mais lentamente ou que falam com fantasmas". Em outras, nem mesmo a morte livra os albinos das depredações: túmulos e sepulturas são violadas e partes dos cadáveres simplesmente roubadas, alcançando um grande preço como artefatos mágicos.

A aparência física dos albinos é bastante distinta entre a população de maioria negra e fácil de ser percebida. Autoridades internacionais cobram medidas enérgicas do governo sul-africano, sobretudo diante da realização de um evento importante como a Copa do Mundo (esse artigo foi publicado em 2010).

"Se as pessoas fossem melhor informadas essas coisas não aconteceriam. Há muita desinformação e ganânica em ação aqui".

Presidente da Sociedade dos Curandeiros Tradicionalistas, Sazi Mhlongo roga ao governo para que decrete ilegal a prática da feitiçaria na África do Sul.

"Pessoas que negociam muti (sangue) com os espíritos são bruxos. Eles precisam ser combatidos. Mas há sacerdotes decentes que não se envolvem com esse tipo de ritual, é preciso haver uma separação criteriosa", disse ele.

Para Mhlongo existem muitos aproveitadores que se apresentam como feiticeiros ou sacerdotes. "A maioria deles não passam de criminosos interessados em ganhar dinheiro fácil explorando as superstições alheias".

Existem cerca de 12,500 indivíduos com albinismo na África do Sul em uma população de 50 milhões. No mundo uma em cada 17,000 pessoas nasce com uma desordem de pigmentação.

domingo, 23 de outubro de 2011

Trolls em ambientações lovecraftianas - Estatísticas para Call of Cthulhu e Rastro de Cthulhu

Eu sei o que alguns vão dizer: "Trolls são criaturas de D&D, e não tem nada a ver com uma ambientação lovecraftiana".
Em parte eu concordo.

Mas que tal esquecer por um instante que Trolls fazem parte de 10 entre 10, ambientações de RPG baseado em fantasia medieval e nos concentrar nos aspectos mais tenebrosos dessas criaturas.

Trolls podem ser muito assustadores, se encarados como monstros de um passado remoto, seres que atormentaram nossos antepassados e que ainda espreitam na escuridão habitando regiões inóspitas e selvagens. Eles são criaturas gigantescas que vagam à noite, habitam cavernas ou florestas e quando surge a oportunidade se alimentam de seres humanos. E isso dá muito pano para manga se você quer criar situações de medo e pavor.

O livro Malleus Monstrorum editado pela Chaosium traz uma versão de Trolls para ser usados em Call of Cthulhu. A versão foi criada por Marcus Rowland para a aventura "Nightmare in Norway" lançada nos anos 80. Eu consegui essa aventura, mas não gostei muito do tratamento dado aos trolls pelo autor.

Ele relaciona os trolls aos voormis, o que não é de todo ruim, mas na sua interpretação as criaturas teriam se degenerado a tal ponto que não passam de anões peludos. No meu entender o que torna os trolls criaturas assustadoras é o tamanho descomunal, a ferocidade e a atitude voraz.

Gosto de imaginar os trolls como uma raça primordial, mais antiga que a própria humanidade. Criaturas que vivem da mesma maneira há milênios e que empurrados para os limites da civilização passaram a sobreviver discretamente enquanto lentamente ganhavam o status de lenda.

Sendo assim, criei minha própria versão dos trolls para Chamado e Rastro, levando em consideração uma abordagem mais condizente com o mito de gigantes hediondos e tomando como referência os monstros do filme Troll Hunter. Eis aqui o resultado.

Trolls, Raça Servil Menor.

"Eu pude ver no horizonte uma forma humanóide envolvida por uma violenta nevasca. Cada vez que o vento norte soprava com força a silhueta da criatura se delineava um pouco mais visível. Parecia um homem, mas gigantesco. Movia-se com desenvoltura apesar do tamanho descomunal e cruzava uma grande distância a cada passada. O Troll estava caçando... nós éramos a sua presa!"

Descrição - Trolls são criaturas humanóides gigantes que vivem em regiões isoladas, montanhas e densas florestas no norte da Europa. Normalmente eles evitam o contato com humanos e se mantém escondidos em cavernas onde ficam protegidos da luz do sol. No passado eles vagavam livremente caçando e devorando qualquer coisa que pudessem por as mãos. Tribos humanas primitivas valendo-se de astúcia conseguiram enfrentar os trolls usando armadilhas e tochas para guiá-los cada vez mais para o norte gelado, longe de áreas habitadas. Eventualmente trolls ainda podem ser encontrados nas proximidades de assentamentos humanos, sobretudo aqueles localizados nos limites da civilização. Eles usam seu poder de invocar nevascas para ocultar sua presença (ver à seguir).

Fisicamente trolls são criaturas gigantes, há diferentes espécies, mas os maiores atingem até 9 metros de altura. Invariavelmente são criaturas medonhas com braços e pernas longas, de composição maciça e com uma face horrivelmente deformada com nariz nodoso. orelhas pontiagudas e uma boca enorme. Os olhos pequenos e escuros são adaptados a visão noturna e eles possuem um faro bastante apurado. Alguns vestem andrajos de couro ou pele jogados sobre o corpo para se proteger dos rigores do clima, mas a maioria deles vagam nus. Em algumas ocasiões carregam armas primitivas feitas de troncos ou pedras.

Trolls são solitários por natureza e raramente se unem a outros de sua espécie, exceto no período reprodutivo. Eles passam grande parte de suas existências hibernando nas profundezas de cavernas em um sono letárgico que pode durar séculos. Ao despertar vagam pelas florestas se alimentando e buscando parceiros, o período ativo pode durar algumas semanas ou mesmo um par de meses. Em seguida o troll volta para seu covil a fim de dormir novamente. Enquanto dormem os trolls ficam camuflados de tal forma que parecem grandes pedaços de rocha cinzenta, alienados do mundo à sua volta.

A raça possui uma ligação íntima com o Grande Antigo Tsathoggua, e para algumas culturas do passado eles eram considerados como filhos dessa divindade. Alguns trolls que reverenciam Tsathoggua são capazes de invocá-lo pessoalmente ou suas criaturas serviçais.

Trolls para Call of Cthulhu:

Ataque: Trolls podem ser bastante perigosos quando levados a lutar. Eles atacam com suas mãos nuas ou com os pés tentando esmagar o oponente com seu peso titânico. Em alguns casos podem tentar agarrar a vítima e levá-la na rodada seguinte para a boca desferindo uma horrível mordida que arranca pedaços inteiros. Em raros casos, Trolls podem usar armas primitivas como porretes feitos do tronco de árvores ou pedras que são arremessadas com enorme violência.

Invocar Nevascas: Esta é uma benção garantida aos trolls que veneram Tsathoggua e que oferecem sacrifícios para o deus sapo. Para convocar uma nevasca o troll sacrifica um ponto permanente de POW e mais um magic point para cada hora de duração. A área afetada é de aproximadamente 100 metros de raio, mas pode ser ampliada com pontos de magia adicionais (100 metros para cada ponto gasto). A tempestade resultante gera precipitação de grande quantidade de neve, aumenta a potência do vento e ocasiona uma drástica redução da temperatura (-7 graus por ponto gasto). Humanos colhidos em meio a uma nevasca dessa natureza devem testar CON x3 a cada minuto de jogo, a falha acarreta em 1d4 pontos de dano À critério do guardião o dano pode ser mais severo se o indivíduo não dispor de proteção adequada. Guiar-se nessas condições de visibilidade comprometida pode exigir rolamentos consecutivos de Navigate. A nevasca depois de invocada demora 20d6 minutos para se formar. Trolls não são afetados pelos efeitos da nevasca por eles criada.

Sensível a luminosidade: Trolls são afetados diretamente pela luz solar. Diferente do que diz a lenda, eles não se transformam em pedra. Mesmo assim a luz do sol é capaz de matá-los. Para cada minuto de exposição o troll recebe 1d10 pontos de dano. Fontes de luminosidade como tochas, fogueiras e lanternas potentes (mesmo flashes de máquinas fotográficas) não afetam os trolls, mas podem servir para assustá-los à critério do guardião. A reação do troll no entanto varia, alguns podem se tornar ainda mais violentos.

Trolls, Horrendos Gigantes

STR 6d6 +24
CON 4d6 +18
SIZ 6d6 +36
INT 1d6 +3
POW 3d6
DEX 1d6 +6
Movimento 10

HP: 43 (média)
Damage Bonus: +5d6

Ataques: Punhos 40%, dano 1d6 +db; Pisada 30%, dano 1d6 +db; Agarrar 35%, dano 5d6 ou levar até a boca para morder, causando 2d10; Porrete 40%, dano 1d8 +5d6

Habilidades: Rastrear através do Faro 65%, Ouvir 40%, Arremessar Rochas 30%

Armadura: 9 pontos (pele grossa e resistente). Exposto ao sol recebem dano normal.

Magias: Trolls com INT igual ou superior a 9, conhecem magias relacionadas a Tsathoggua e suas criaturas.

Sanidade: 0/1d8 por ver um troll

Trolls para Rastro de Cthulhu

Invocar Nevasca: Trolls podem convocar uma nevasca da maneira descrita acima. A nevasca tem uma área de abrangência de 100 metros para cada ponto de Vitalidade gasto pela criatura durante a invocação. Se o Troll gastar pelo menos 3 pontos de vitalidade ele cria uma tempestade glacial.

Um investigador colhido pela nevasca e sem uma proteção adequada sofre os efeitos de frio extremo (pag 68). Uma tempestade glacial, implica nos efeitos de frio extremo à despeito das proteções usadas. Testes de atletismo (dificuldade 4/6 em caso de tempestade) devem ser realizados para se mover nessas condições. Investigadores que param de se mover perdem 1 ponto de Vitalidade a cada 15 minutos, ou a cada 5 minutos em caso de uma tempestade.

Estatísticas de Jogo

Habilidades: Atletismo 9, Briga 21, Sobrevivência 8, Vitalidade 21

Limiar de Acerto: 4 (6, envolto por uma nevasca)

Modificador de Alerta: +1

Modificador de Furtividade: +0

Ataques: +4 (punhos ou pisão), +1 (mordida)

Armadura: -6 contra tudo (pele resistente), expostos ao sol recebem dano normal.

Perda de Estabilidade: +0 (envolto por nevasca com visibilidade comprometida); +1 (visto claramente)

Investigação:

Sobrevivência: A pegada não parece pertencer a um urso ou qualquer animal nativo dessa região. Na verdade, embora não seja possível precisar com certeza, ela parece humanóide, exceto pela proporção gigantesca. Quando nosso guia se aproximou para dar uma olhada, virou o rosto apavorado e ninguém conseguiu convencê-lo a revelar o que sabe.

História Oral: Os rapazes encontraram aquele velho maluco que vive como um eremita na face norte das montanhas. Ofereceram a ele uma garrafa de vodca e compartilharam de uma fogueira por algumas horas. O velho não falava coisa com coisa, mas entre os murmúrios incoerentes e risadas insanas, mencionou um gigante que vive nas montanhas. Ele costumava oferecer a ele pedaços de carneiro quando consegue caçar algum. Espalhava a carne e as entranhas para que o gigante viesse recolher. Ele dizia que assim não era incomodado quando o monstro ficava faminto. Mas o que ele sabe? O sujeito é maluco...

Ciência Forense: Estou lhe dizendo, não foi um urso. Seja o que for que devorou o Sven tinha presas muito maiores e com uma boca de diâmetro muito mais amplo. Eis o que penso que aconteceu: essa coisa, seja lá o que for, segurou o pobre diabo pela cintura e o levou até a boca. Os membros inferiores foram mordidos e em seguida um puxão arrancou a carne dos ossos e uma das pernas por inteiro. Ele mastigou, engoliu e foi embora.

Biologia: Encontramos um enorme bolo de matéria fecal na floresta. Mandamos o estagiário revirar em busca de alguma pista sobre a dieta do animal que havia deixado aquela coisa. O rapaz estava reclamando da tarefa, de repente ficou branco como papel. Ele havia encontrado ossos humanos semi-digeridos. Vou lhe dizer, essa coisa, precisa de fibras!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Gigantes Assustadores - Traçando paralelos entre Trolls e criaturas do Mythos

Trolls na Cultura Nórdica

Trolls são monstros do folclore escandinavo, presentes com mais força na cultura norueguesa. A palavra deriva do termo Jöturn ou Thurs que se refere a algo gigante, imenso, pavoroso. São adjetivos que servem muito bem a essas criaturas retratadas na mitologia nórdica como humanóides de aparência medonha, tamanho gigantesco, igualmente obtusos e malignos.

O mito é nativo da Noruega e foi carregado por viajantes para os povos que viviam na Finlândia, Suécia e Rússia. Arqueólogos encontraram indícios que os trolls já eram conhecidos por tribos primitivas que retratavam horríveis gigantes em chifres e utensílios domésticos. O mito se espalhou pelo Norte da Europa, chegando a Alemanha e Ilhas Britânicas, em meados do século V o que pode ser comprovado pela descoberta de peças de artesanato dessa época trazendo representações das mesmas criaturas. É possível que os trolls tenham sido a base para as lendas sobre ogres, goblins e kobolds. Em comunidades isoladas e rurais a crença em trolls (e outros seres mitológicos) esteve presente até meados do século XVI, quando as antigas tradições foram substituídas pela fé cristã.

Segundo as lendas, trolls viviam em cavernas ou no interior de montanhas. Seus covis eram escuros e ermos, recobertos por ossos de animais devorados e sujeira acumulada. Alguns deles capturavam vítimas e as mantinham como escravos ou como estoque de comida para o longo e rigoroso inverno. Entrar em uma caverna habitada por um troll era uma missão considerada perigosa e uma prova de coragem.

As primeiras lendas sobre trolls, os descreviam como gigantes malignos que caçavam humanos com o propósito de escravizá-los ou devorá-los. Eles vagavam apenas à noite, pois a luz do sol os transformava imediatamente em pedra.

Um dos mitos presentes no folclore norueguês relata que os primeiros homens foram vítimas constantes de trolls. Entretanto, certa vez, dois enormes exércitos de trolls se encontraram para lutar nas montanhas de Trold-Tindterne, na parte central da Noruega. Os Trolls eram estúpidos demais para saber quando o dia iria nascer e incumbiram um homem chamado Olgerd de avisar quando a noite cederia lugar a aurora. O homem foi colocado no alto de uma montanha vigiado por dois trolls. Ele deveria acender uma grande fogueira antes do sol raiar avisando a todos que era hora de buscar proteção.

Confiando no escravo, os trolls lutaram ferozmente e o impasse durou muitas horas. Olgerd sabia que era a chance de se livrar dos seus feitores, ele distraiu os trolls que o vigiavam para que assistissem a sangrenta luta e quando eles não olhavam molhou a lenha da fogueira. Quando os trolls perceberam que a noite estava prestes a chegar ao fim, tentaram a todo custo acender a fogueira mas a madeira encharcada não pegava fogo.

No momento em que o sol despontou no horizonte os dois trolls, bem como os exércitos que se enfrentavam foram transformados em pedra. As enormes rochas que até hoje cobrem essa paisagem acidentada, seriam os restos dos combatentes, atestando que os gigantes existiram na aurora dos tempos. Livre dos trolls, Olgerd pôde libertar os seus irmãos que estavam aprisionados nas cavernas. Mas nem todos os trolls foram mortos e os que restaram continuavam vivendo nas profundezas, sempre que possível arrastando vítimas para seus esconderijos.

Na cultura escandinava, ravinas e penhascos eram considerados lugares perigosos não apenas pela geografia traiçoeira, mas pela possibilidade de tal lugar ser o lar de trolls.

A Lenda encontra o Mythos

Como acontece com muitas lendas, os trolls podem ser uma interpretação de criaturas ou entidades ligadas ao Mythos de Cthulhu.

Há criaturas bastante semelhantes a trolls pertencente ao variado conjunto macabro que se convencionou chamar de Mythos de Cthulhu. Algumas deles guardam inquietantes similaridades com as criaturas presentes do folclore nórdico. Em comum o fato de serem gigantes medonhos que costumam vagar à noite, pois também são afetados diretamente pela luz do sol. Assim como os trolls compartilham o fato de habitar os subterrâneos: cavernas e recessos profundos, onde constróem seus covis. Mais terrível ainda, essas criaturas desenvolveram o gosto por carne com predileção pela carne humana.

Na Mitologia dos Antigos, os Ghasts são descritos como gigantes albinos e deformados, cuja aparência hedionda é realçada pelos membros extremamente longos, olhos avermelhados e presas afiadas. Ghasts são limitados mentalmente, mas o instinto os transformou em predadores implacáveis, verdadeiras máquinas de matar.

Eles podem ser encontrados nas lendárias Câmaras de Zin, um complexo rochoso subterrâneo que se estende por quilômetros de cavernas iluminadas por fungos fosforescentes. Apesar de suas tendências canibalísticas, ghasts se juntam em bandos para explorar e empreender caçadas nos túneis labirínticos em busca de presas.

Segundo as lendas, as câmaras de Zin conectam o mundo desperto às Dreamlands (Terra dos Sonhos), uma realidade onírica habitada por sonhos e pesadelos, maravilhas e horrores, seres mitológicos e sonhadores.

É possível que as lendas sobre os trolls estejam de alguma forma relacionadas a ghasts que deixaram a relativa segurança de seu reino subterrâneo com o objetivo de explorar o mundo desperto. Tendo encontrado uma fartura de presas, as criaturas decidiram permanecer em nosso mundo perdendo o vínculo com seu lugar de origem e o conhecimento de como retornar a ele pelas rotas existentes. Uma vez que temem o sol - a exposição a luminosidade é capaz de matá-los - os ghasts procuram cavernas ou grutas onde podem se esconder durante o dia.

As profundas Câmaras de Zin são habitadas por outros terrores subterrâneos do Mythos.

Os medonhos Gugs, gigantes nativos das Dreamlands são criaturas de tamanho colossal, cobertas de pêlo crespo e negro, dotados de quatro braços terminando em tremendas patas e grotescas garras. A mais horrível característica dos gugs é a face dividida horizontalmente por uma bocarra que se estende do queixo até a testa. Quando ela se abre deixa à vista fileiras e mais fileiras de dentes pontiagudos. Gugs são predadores perigosos, quando famintos se alimentam de qualquer coisa que possam digerir, mas procuram sobretudo animais de sangue quente que devoram ruidosamente assim que os agarram. A despeito de serem capazes de erguer monumentais construções de pedra, os gugs tem uma inteligência pouco desenvolvida e fazem pouco uso de ferramentas, armas ou fogo.

Os Gugs veneram os Deuses Antigos, e servem a entidade das Dreamlands chamada de "Névoa sem Nome". No passado primevo, essas criaturas atingiram o mundo desperto, emergindo através de túneis que conectam a superfície às câmaras superiores de Zin. Eles ergueram na superfície da terra colossais monolitos de pedra negra dispostos em círculos, que serviam como templos de seus rituais sangrentos. Muitos desses círculos sobrevivem até os dias atuais desafiando uma explicação racional por parte de historiadores. Tais templos podem ser encontrados no norte da Europa, Normandia e nas Ilhas Britânicas.

Os Deuses Antigos temiam que os gugs pudessem se tornar adoradores de Nyarlathotep, o Caos Rastejante, por isso os baniram de volta para os subterrâneos empreendendo uma caçada aos que resistiram. A maioria dos gugs habita uma cidadela ciclópica de pedra protegida por um muro intransponível. Poucos humanos exploraram os segredos dessa cidade sem nome e conseguiram retornar com um registro consistente do que existe em seu interior. Há boatos, no entanto, que os gugs quando foram expulsos da superfície carregaram consigo inúmeros tesouros que pertenceram aos primeiros homens e estes ainda estariam em seu poder.

Contudo, nem todos os gugs foram escorraçados de volta ao subterrâneo, de modo que alguns permaneceram escondidos dos Deuses Antigos. Talvez estes indivíduos remanscentes tenham mantido contato com populações humanas e sejam a base para lendas a respeito de trolls bestiais.

Mas nem todos os gigantes do Mythos são provenientes dos subterrâneos ou das Dreamlands.

Os Voormis são uma raça de humanos primitivos que habitavam a Hiperbórea (atual Groenlândia) antes da chegada dos humanos mais evoluídos. Guerras e disputas religiosas dividiram a raça - a crença em Tsathoggua, o deus mais importante para os voormis foi antagonizada por cultos devotados a Itaqua. Essa disputa de séculos lançou os voormis em um estado de barbárie e total selvageria. Quando os humanos chegaram a Hiperbórea tomaram os voormis por seres irracionais, pouco mais do que animais simiescos.

Clãs de voormis foram caçados por esporte e sistematicamente levados à beira da extinção pelos hiperbóreos. Finalmente, quando uma nova era glacial atingiu a Hiperbórea devastando toda a civilização, os voormis sobreviventes, que haviam degenerado ainda mais na escala evolutiva, se viram livres para deixar seus esconderijos e migrar para o continente europeu.

Os voormis originais aparentavam ser versões rústicas do homem moderno, como uma espécie de elo perdido na evolução humana predatando o homo neandertalensis de testa larga e braços compridos. A progressiva involução dos voormis os levou a estágios mais próximos do austrolopithecus afarensis, hominídeos cobertos de pêlos similares aos grandes símios. Tendo se espalhado pela escandinávia, os voormis degenerados podem ser os responsáveis pelas lendas sobre trolls.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Cinema Tentacular - Troll Hunter

Trolls. Eles são grandes. Eles são burros. Eles são perigosos. E no fim das contas eles são bastante reais.

Troll Hunter é um filme norueguês despretensioso que recorre aos contos de fadas e folclore para contar uma estória divertida e cheia de boas idéias.

No filme, Thomas, Kalle e Johanna são um trio de estudantes de cinema que chegam a uma região isolada da Noruega em busca de uma história para contar. Eles pretendem obter uma entrevista com um caçador ilegal, que supostamente vem abatendo a população de ursos. Não demoram a encontrar o sujeito misterioso, uma alma solitária que atende pelo nome de Hans e que vaga pelos confins gelados do país numa landrover puxando um trailer caindo aos pedaços.

Mas quando eles se embrenham numa floresta à noite atrás de Hans, descobrem que há alguma coisa muito errada, pois ele sai de seu esconderijo gritando a plenos pulmões: “TROOOOOOOOLLLLLL”!

Hans é de fato um caçador, mas ursos não são a sua presa. Os ursos são uma conveniente desculpa para encobrir seu verdadeiro ramo de atividades. Hans é um caçador de trolls. Trolls de verdade. Enormes gigantes que vagam pelas florestas e montanhas do norte da Noruega e cuja existência é cuidadosamente mantida em segredo pelas autoridades governamentais. Quando os trolls escapam de suas áreas de confinamento, lá vai o prestativo Hans atrás deles usando armas especiais – um grande canhão de raios UV – e muita astúcia para neutralizar a ameaça.

É um trabalho difícil e sujo. Hans tem que se meter na floresta, rastrear os brutamontes coberto de urina de troll (para não ser detectado) e eliminar as criaturas sem levantar suspeitas de sobre seu trabalho. Pior ainda, o caçador está fulo da vida, pois a atividade de trolls está em crescimento e além de ganhar pouco pelo seu trabalho de importância vital, ele não recebe o devido crédito.

Disposto a mostrar seu ofício Hans permite que o trio de estudantes o acompanhe em suas patrulhas noturnas.

Filmado em estilo de documentário com competência, por Andre Ovedral, Troll Hunter é uma aventura com toques de comédia. Não há como negar, que no início, o filme pareça mais uma das centenas de cópias feitas para faturar em cima da já surrada idéia de “A Bruxa de Blair”. Os primeiros 20 minutos focam em uma jovem equipe de cinegrafistas amadores com câmeras na mão e uma idéia na cabeça. Mas ao contrário de “A Bruxa de Blair”, aqui o mistério não fica oculto por muito tempo. O diretor se apressa em revelar as criaturas logo de cara para assim fisgar o espectador desde início.

Esse, aliás, é um dos méritos do filme. Ele reconhece que a audiência está lá para ver os monstros e dá ao público exatamente o que ele quer: caçadas e cenas de tirar o fôlego protagonizadas pelas criaturas. Monstros típicos da mitologia nórdica, os trolls são uma espécie de bicho papão do folclore norueguês. O roteiro recorre às crenças antigas para transpor as criaturas para a tela grande. Há várias espécies, cada uma com suas próprias características, alguns explodem quando expostos à luz enquanto outros se transformam em pedra. Em comum a estupidez, a força absurda e o desejo de se alimentar de cristãos – por alguma razão os trolls só conseguem farejar cristãos batizados, quando se trata de ateus eles podem até ignorar a presa.

Estruturado como um filme de situações, Troll Hunter se desenvolve ao longo das caçadas empreendidas por Hans e seus acompanhantes. O filme foi todo rodado ao ar livre em reservas florestais e parques nos cafundós da Noruega, uma região gelada e quase deserta do país. A paisagem é simplesmente cativante, ela ajuda a compor uma atmosfera de isolamento a medida que seguimos a jornada da equipe através de estradas cortando montanhas inóspitas cobertas de neve e picos enevoados onde os monstros buscam refúgio.

Entre uma caçada e outra, o veterano mateiro interpretado por Otto Jespersen vai aos poucos revelando para seus jovens seguidores alguns detalhes de seu trabalho e sobre as perigosas criaturas que ele persegue. O coração do filme é a relação entre o cínico Hans com seu senso de rústico profissionalismo e a ingenuidade dos estudantes que encaram tudo como uma oportunidade de aventura. A relação do caçador com seus empregadores do governo também é tumultuada, afinal seu trabalho deveria permanecer como segredo e a presença de testemunhas pode causar sérios problemas.

Os efeitos especiais não são menos que impressionantes e mostram trolls extremamente realistas integrados ao ambiente selvagem. Os gigantes caminham, respiram, correm e investem contra a equipe de tal forma que realmente parece um documentário sobre uma caçada no melhor estilo Discovery ou National Geographic. O clímax eletrizante do filme, que mostra uma caçada a um monstro com mais de 60 metros de altura numa perigosa ravina, consegue provar que não é necessário gastar milhões de dólares em efeitos especiais mirabolantes para criar realismo. Uma boa e velha perseguição e um monstro assustador são capazes de deixar o público de queixo caído.

Há rumores que uma sequência já está sendo planejada pelo diretor, concentrando-se na origem de Hans e em como ele se tornou um caçador de trolls. Também já circulam boatos sobre uma inevitável refilmagem feita por Hollywood usando a idéia central. Uma pena, pois filmes adaptados dessa forma tendem a perder o encanto original e se tornam meras cópias inferiores ao original.

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domingo, 16 de outubro de 2011

Revistando os Bolsos - Uma lista de objetos corriqueiros que podem ser muito úteis

Em muitos RPG, o equipamento carregado pelo personagem é de suma importância. Armas, artefatos, manuscritos, itens de sobrevivência... qualquer coisa que possa ser útil para garantir uma vantagem em uma situação de necessidade é descrito na ficha do jogador.

Em ambientações Lovecraftianas, o equipamento não é, via de regra, tão importante. Com exceção de armas e livros, raramente o espaço de equipamento das fichas de jogo é preenchido pelos jogadores.

Bem, que tal mudar um pouco isso?

Aqui está uma pequena lista de objetos que tranquilamente poderiam constar no equipamento de investigadores dos Mythos de Cthulhu.

São objetos comuns, muitos deles corriqueiros que podem ser encontrados em qualquer lugar: levados nos bolsos, em pequenas valises ou no porta luvas de um carro. Mas o emprego de alguns desses objetos pode ir muito além da utilidade convencional deles e ajudar durante uma investigação.

Eu deixei de fora objetos óbvios como lanternas, blocos de notas e armas de fogo que são itens que nenhum investigador de repeito deixaria de carregar.

Caixa de Fósforos

Fogo é um recurso indispensável em muitas situações. Seja para acender uma tocha, queimar documentos que não devem cair nas mãos de seus rivais ou para preparar uma reconfortante fogueira no meio de uma floresta.

Palitos de madeira com uma ponta coberta de fósforo começaram a ser comercializados no início do século XVIII, mas eram incrivelmente perigosos pois a substância química podia inflamar ao menor atrito. A mera fricção causava a faísca e a chama, os primeiros fósforos foram responsáveis por incêndios acidentais e declarados um risco. Os fósforos de segurança, aqueles que devem ser riscados sobre uma superfície especialmente tratada (na borda da caixa) para se acender, garantem um maior grau de segurança.

Muitas das criaturas do Mythos são suscetíveis a fogo ou luz, o que faz dos fósforos um item valioso de ser carregado no bolso.

Isqueiros

Da mesma maneira que a caixa de fósforos o isqueiro permite que o investigador tenha acesso rápido a uma fonte de calor e luminosidade.

Isqueiros convencionais funcionam com uma pequena quantidade de líquido combustível estocado sob pressão em seu interior. Ao ser acionado o combustível (na época era usada nafta) se transforma em vapor expelido por um pequeno duto. O mecanismo de ignição é baseado no atrito de metal sobre uma pedra (flint) que gera uma faísca e acende o vapor, criando a chama.

Esses objetos passaram a ser vendidos no início do século XX e se espalharam rapidamente com a popularização dos cigarros. O mais conhecido dos isqueiros, o Zippo foi criado em 1932, e trazia a garantia de durar "a vida inteira" e resistir ao vento.

Os primeiros isqueiros, no entanto, não passavam pelas normas de segurança atuais e eram bastante perigosos. A nafta é um líquido volátil derivado da gasolina, a mesma substância usada em lança chamas. A explosão de um isqueiro cheio, colocado diretamente no fogo tem o mesmo potencial explosivo que uma garrafa de álcool.

Isqueiros também podem ser usados para comunicação à distância à noite. Na Grande Guerra, soldados em trincheiras conseguiam passar mensagens uns para os outros usando seus isqueiros para produzir faícas que escondiam um código.

Barbantes ou Cadarços

Mesmo inocentes barbantes e cadarços podem ter seu uso. Barbantes fortes podem ser usados para imobilizar as mãos de prisioneiros ou criar armadilhas em portas para causar tropeções. Usando um barbante como linha e um clipe de papel como anzol é possível "pescar" objetos que tenham caído em um bueiro ou alcançar as chaves de uma cela no outro lado da sala.

Lente de Aumento

Sherlock Holmes (ou melhor, seu criador Arthur Conan Doyle) foi o responsável pela popularização desse objeto como ferramenta investigativa. Holmes usava sua tradicional lente convexa de armação redonda para examinar pistas pequenas, verificar a composição mineral de um punhado de terra, o padrão das pegadas deixadas por um sapato na cena do crime ou para ler pequenas mensagens cifradas. É um item interessante para constar no equipamento de qualquer investigador que tenha contato com cenas de crime.

Uma lente de aumento também pode ser usada para iniciar fogo, concentrando radiação solar em um ponto focal por alguns instantes.

Caneta Tinteira

Até meados do século XX, não existiam canetas esferográficas, as cartas eram escritas com tinta à base de corante e canetas tinteiras (fountain pens). A caneta tinteira possuía um reservatório lacrado em seu interior que estocava a tinta. Ela descia através de um canal até a ponta metálica e aguçada.

A ponta das canetas tinteiras era feita de aço e em momentos de desespero podia ser improvisada como arma de perfuração. De fato, o autor Robert Stewart, no século XIX ficou famoso por ter escapado de um raptor, usando uma caneta tinteira como arma. O escritor norte-americano Ernest Hemingway relatou em suas memórias como correspondente de guerra, que certa vez usou uma caneta tinteira para apuhalar mortalmente um guerrilheiro na jugular.

Em certos momentos a caneta pode realmente ser mais poderosa que a espada.

No quesito armas improvisadas, investigadores do sexo feminino dispõem de uma peça de vestuário que pode se converter em uma arma. Os alfinetes de chapéu, implemento usado para prender a peça de vestuário na cabeça e evitar que ele voe, são basicamente uma longa agulha de metal.

Frasco de Bebida

O frasco de bebida (Silver Flask) se popularizou durante os tempos da Lei Seca. São pequenas garafas prateadas de metal com uma tampa de rosca fixa, discretas o bastante para serem guardadas no bolso do casacos ou paletó sem apresentar um volume suspeito.

Álcool (ou bebidas destiladas) pode ser usado como líquido combustível, para esterilizar objetos ou para lavar ferimentos.

Apesar de terem sido criados para o transporte de bebida alcóolica, uma silver flask pode ser usada para estocar em um compartimento seguro qualquer líquido, inclusive gasolina, éter ou Space Mead.

Frasco de Vidro

Invólucros de vidro podem ser bastante úteis em cenários em que uma pista precisa ser preservada ou quando um espécime precisa ser isolado para futura análise. Desde um tufo de pêlo de um byakhee, passando por uma cria viva de Eihort ou até a amostra de sangue de um ghoul.

Frascos de vidro com tampas de borracha são vendidos em farmácias e podem ser achados facilmente na valise de qualquer médico. Frascos envolvidos com barbante ou cortiça se tornam resistentes a eventuais choques e rachaduras.

Relógio de Bolso

No início do século, o relógio de bolso era um item que separava as pessoas simples dos cavalheiros. Embora os relógios de pulso (popularizados após a Grande Guerra) tenham gradualmente substituído os relógios de bolso, eles continuaram a ser usados até a década de 50.

Além do uso convencional - precisar as horas, um relógio podia ser usado para calcular a velocidade de um objeto e cronometrar o tempo com precisão. Alguns modelos especiais possuíam gadgets adicionais como termômetro, bússola e barômetro. Donos de relógios também incorporavam à corrente do relógio alguns objetos práticos para o dia a dia como cortador de charuto, chaves e apitos.

Por serem caros - e constituírem objetos de desejo mundo afora, relógios podem servir como moeda de troca em situações de grande necessidade. Não raras vezes exploradores e aventureiros tiveram de negociar seus relógios com nativos ou mercadores em troca de suprimentos ou carregadores.

Mesmo em um ambiente urbano, relógios podem ser úteis dessa forma. Um dos mais populares detetives da ficção, Sam Spade, carregava consigo duas ou três falsificações baratas de relógios de qualidade. Em mais de uma situação ele conseguiu subornar funcionários ou escapar de bandidos oferecendo relógios em troca. Outro uso interessante em uma estória detetivesca pode ser visto no filme Chinatown, quando o detetive em uma tocaia, coloca um relógio barato de baixo das rodas de um carro. Quando o suspeito sai com o carro, passa em cima do relógio registrando a hora exata em que deixou o local.

Espelho de Bolso

O espelhinho é um clássico na bolsa de qualquer mulher que precisa retocar a maquiagem e se manter atraente.

Além de servir à vaidade, um espelho de bolso é útil para enviar mensagens refletindo a luz do sol. Mata Hari, a célebre espiã holandesa enviava mensagens dessa forma para seus contatos. Nas trincheiras da Grande Guerra, espelhos eram usados por sinalizadores em balões e monomotores para passar mensagens rápidas à respeito da posição dos inimigos.

Espelhos também podem ser úteis como moeda de troca em sociedades primitivas. Os primeiros exploradores do Pacífico Sul levavam espelhos para trocar com os nativos por pérolas e outros tesouros precisosos.

Apito

Um simples apito pode ser extremamente útil para investigadores que se afastam de seus companheiros ou para grupos que resolvem se separar para explorar uma área aberta com visibilidade comprometida (seja uma floresta ou um vale repleto de densa névoa). Apitos também podem ser uados para mandar mensagens e pedidos de ajuda.

Apitos eram bastante comuns no começo do século e em grandes metrópoles eram distribuídos - sobretudo para crianças e mulheres - para servir como sinal de alerta em caso de perigo. Também era comum carregar apitos para chamar um taxi ou vendedores de rua.

Após o incêndio que destruiu Boston em 1872, milhares de "apitos de incêndio" foram distribuídos para a população. O objetivo era usá-los apenas em uma emergência de incêndio e seu uso desautorizado era passível de multa.

Bloco de Cera

Esse é um item usado por detetives particulares e investigadores de polícia para fazer moldes de chaves ou gravar um símbolo em alto relevo como o número de um chassi de automóvel. O bloco de cera é uma substância flexível de cor neutra, depositada em uma caixa semelhante a um estojo de maquiagem. Qualquer objeto pressionado com força contra ele deixa uma marca perfeita que pode ser usada para reproduzi-lo.

O Bloco de Cera é bastante comum também em sítios arqueológicos, onde seu uso é essencial para preservar o molde de uma placa, de um lacre ou para fazer cópias daquela misteriosa inscrição que recobre um artefatos coletado na escavação.

A cera também pode ser usada para proteger os ouvidos contra sons altos - e eventuais cantos hipnóticos, é útil para tapar buracos de bala no radiador de um carro ou vedar o escapamento de um cano.

Sais de Cheiro

Esse é um clássico em filmes de época onde uma dama desmaia ao presenciar algo chocante. Os sais de cheiro são um composto químico cristalino feito à base de amônia que age como estimulante respiratório. Basta aproximar os sais do nariz da pessoa para que ela desperte em um sobresalto. Hoje esse item pode parecer estranho, mas até os anos 30 era comum que senhoras tivessem um frasco de sais na bolsa.

Mais interessante são as aplicações desse item. A amônia é um elemento reativo que se exposto a altas temperaturas explode produzindo uma nuvem de gás tóxico. A substância também pode ser usada para induzir vômito - algo útil se o investigador tiver ingerido veneno ou coisa pior (já joguei uma aventura em que meu personagem engoliu um pedaço de Ubbo-Sathla! Quisera ter um frasco de sais na ocasião).

Luvas

Luvas são extremamente úteis em ocasiões onde o investigador tem de manipular alguma substância insalubre ou tocar objetos sem o risco de deixar impressões digitais comprometedoras na cena de crime.

Bússola

A boa e velha bússola deveria estar na lista de equipamento de todo o investigador que embarca em uma expedição de campo.

Já perdi a conta de quantos cenários participei envolvendo uma jornada através de uma floresta escura e desolada, ou um vale coberto de nevoeiro ou ainda um trecho de deserto inóspito. Quando o guardião pede por um rolamento envolvendo habilidades ligadas a sobrevivência as coisas em geral ficam feias, pois não é o tipo de perícia que investigadores urbanos possuem.

Uma bússola simples pode ser adquirida em qualquer armazém, as melhores bússolas tinham fabricação militar. Lembre-se, estamos falando de uma época em que não existiam os modernos GPS e nem todo lugar dispunha de sinalização.

Giz

Um pequeno pedaço de giz pode ser útil tanto em uma exploração do sistema de esgotos de uma grande cidade, quanto em um complexo de túneis secretos abaixo da Grande Pirâmide de Gizé. Um pedaço de giz pode servir para criar um símbolo de proteção no chão (quem sabe um Elder Sign), deixar uma mensagem ou indicar o caminho a ser seguido.

Poeira de giz também pode ser espalhada no chão para denunciar a presença de criaturas invisíveis (contanto que elas deixem pegadas) ou para denunciar a presença de manifestações invisíveis - sobretudo se você não tiver acesso a Poeira de Ibn-Ghazi.

Cigarros

Todos sabemos que fumar faz mal à saúde. Mas a primeira metade do século XX, fumar era uma questão de estilo e bom gosto. Cigarros são um item comum no bolso de qualquer investigador da época.

Muitos investigadores usavam cigarreiras para transportar seus cigarros. A boa notícia é que elas tem fechamento hermético e à prova d'água. Um ótimo compartimento para se guardar mapas, pistas e manuscritos valiosos. Quando os restos da Expedição Scott foram encontrados no Pólo Sul, documentos foram encontrados em perfeito estado justamente porque o explorador os guardou na cigarreira.

Cigarros também são um recurso valioso para ganhar a confiança de testemunhas ou estabelecer empatia. Pode conferir em qualquer filme noir: quando um detetive quer agradar um contato ou fazer uma testemunha abrir o bico, a primeira coisa que ele faz é oferecer um cigarro.

Linha e Agulha

Com a depressão, as pessoas não mais se desfaziam de suas roupas, ao invés disso, remendavam furos e costuravam os rasgos para que pudessem continuar usando essas mesmas roupas. Agulha e linha e os chamados kits de costura (sewing kits) se tornaram um item comum, carregado tanto por homens quanto mulheres da época.

Uma agulha pode ser útil para transmitir veneno por contato. Se o investigador tiver um canudo pode até improvisar uma perigosa zarabatana.

Em caso de necessidade a linha pode ser usada para suturar ferimentos sofridos (argh!). Já em se tratando de sobrevivência, a linha pode ser usada para pescar e a agulha empregada na construção de uma bússola improvisada (desde que a pessoa tenha um pedaço de imã).

Chapéu com bolso de Feltro

O chapéu é um item de vestuário indispensável na época em que se passa a maioria dos jogos Lovecraftianos.

O que poucas pessoas sabem é que era relativamente comum na época fazer uma espécie de bolso interno de feltro no interior do chapéu. Não se trata de um grande espaço, mas é o suficiente para esconder uma folha de papel, uma identificação ou quem sabe um frasco de veneno. No final da Segunda Guerra, os líderes nazistas esconderam no feltro do chapéu as notórias pílulas de cianureto usadas para se suicidar caso fossem capturados.

Canivete Suiço

O canivete criado pelo exército suíço é um ícone da praticidade acondicionado em uma mesma ferramenta compacta.

Produzido a partir de 1890, os canivetes desse tipo passaram a ser vendidos na década de 1920 encontrando um grande mercado consumidor. Os canivetes suíços produzidos nessa época tinham além de duas lâminas de aço inoxidável (que podiam ser usadas como arma), abridor de latas, saca rolhas, cortador de arame e chave de fenda. Alguns modelos militares também dispunham de uma ferramenta usada para abrir e limpar rifles.

Cortador de Charuto

Era muito comum, cavalheiros, sobretudo da alta sociedade, fumarem charutos após as refeições. O cortador era uma espécie de pequena guilhotina usada para preparar o charuto aparando a ponta dele.

Um cortador pode ser perigoso pois a lâmina é afiada o bastante para decepar um dedo. Em vários filmes, o cortador é usado como ferramenta de intimidação ou instrumento de tortura nas mãos de vilões sádicos. Investigadores propensos a usar os métodos dos vilões podem usar esse instrumento (e perder alguns pontos de sanidade no processo!)

* * *

Bem, estes são alguns itens básicos e corriqueiros que podem ser úteis. Não desmereça aquele pedaço de barbante, ele ainda pode salvar a vida de seu personagem.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Incidente na Passagem Dyatlov - Mistério no Gelo (Parte 2)

A INVESTIGAÇÃO

"Eu tinha doze anos a época, mas lembro perfeitamente da repercussão pública sobre esse incidente à despeito das tentativas das autoridades de manter parentes e investigadores em silêncio", disse Yury Kuntsevich, chefe da Fundação Dyatlov, que tenta solucionar o mistério.

Ao longo dos anos, muitas pessoas tentaram compreender o que aconteceu naquela noite fatídica de primeiro de fevereiro de 1959, nas encostas do Kholat-Syakhyl. Alguns, como Igor Sobolyov, ficaram fascinados pela tragédia dos jovens esquiadores. “Essas montanhas se tornaram célebres pela tragédia, atraíndo curiosos de todos os cantos. É como se as pessoas que morreram lá em cima tivessem deixado um legado, eles travaram uma espécie de batalha contra o Desconhecido".

Mas qual exatamente é a natureza desse "Desconhecido"? Contra o que eles travaram uma batalha? O que fez os estudantes fugirem em desespero, abandonando suas tendas, deixando para trás equipamentos e suprimentos? Como parte do grupo terminou morto e enterrado em um buraco de quatro metros de profundidade? Há muitas teorias.

Uma das primeiras teses exploradas pelos investigadores é que os estudantes teriam sido vítimas de habitantes locais da região, os Mansi. A tribo é conhecida por proteger seu território contra invasores, sobretudo locais considerados sagrados.

Há um precedente histórico que apóia essa teoria: na década de 1930, o shaman da tribo ordenou a morte de uma equipe de geólogos que escalaram uma montanha proibida. Mas nesse caso, embora a montanha seja citada no folclore Mansi, ela não é considerada sagrada ou um tabu tribal. Uma coincidência desagradável é que Otorten, o destino final da expedição significa "não vá até lá" no idioma Mansi, enquanto Kholat-Syakhyl significa "Montanha dos Mortos", não parece portanto o tipo do lugar onde membros da tribo vagariam à espera de alguém.

Além disso, o vilarejo Mansi mais próximo se localiza a aproximadamente 80 Km do local onde os corpos foram encontrados. Os Mansi raramente se afastam tanto de seus povoados, sobretudo durante o inverno quando o clima rigoroso dificulta a caça e pesca.

Em face das poucas evidências, a teoria de um ataque por parte dos Mansi foi rejeitada. Outros sugeriram que o grupo simplesmente topou com um bando de ladrões que estavam de passagem pela região, ou foi confundido com prisioneiros em fuga de um dos campos de trabalhos forçados existentes nas montanhas.

Ladrões habitando as montanhas não seria algo totalmente impossível, mas é algo bastante improvável em virtude do clima. Além disso a região é deserta, tornando-a pouco atraente para ladrões que teriam de esperar pela improvável passagem de vítimas. Os campos de prisioneiros por sua vez não reportaram a fuga de nenhum condenado nos meses anteriores a tragédia na passagem.

As três hipóteses baseadas em envolvimento humano esbarram em um mesmo fator: a ausência de pegadas nas proximidades da tenda e ao redor dos corpos encontrados. Além disso, o Dr Boris Vozrozh, legista que examinou os corpos, concluiu que os ferimentos não pareciam ter sido causados por ação humana. "Os ferimentos parecem decorrentes de batidas fortes, semelhante ao dano resultante de uma batida de carro", explicou.

Mas se seres humanos não foram os responsáveis pelas mortes, então o que poderia ser?

Os misteriosos ferimentos, de acordo com o criptozoologista russo Mikhail Trakhtengertz, sugerem que uma criatura suficientemente forte poderia ter abraçado os estudantes causando a fratura de costelas verificada em dois dos corpos recuperados.

Avistamentos de criaturas selvagens, os chamados monstros da neve, são relativamente comuns na Rússia - afinal de contas o país possui vastas regiões cobertas de neve que oferecem esconderijos perfeitos para uma criatura dessa natureza encontrar proteção. Os típicos monstros da neve, presentes no rico folclore russo são descritos como humanóides gigantescos com mais de 3 metros de altura e o corpo coberto de pelos brancos que lhes concede camuflagem na neve. Essas craturas segundo o mito são carnívoras e atacam invasores de seus territórios.

Trakhtengertz apresentou como indício de sua teoria, um trecho do diário escrito por um dos estudantes no dia anterior à sua morte. Ele escreveu: “Agora sabemos que o abominável homem das neves realmente existe, ele pode ser encontrado ao Norte dos Urais, próximo a Montanha Otorten.” Mas dado o tom bem humorado das anotações o comentário parece ser apenas uma brincadeira, ao invés de uma genuína anotação a respeito de algo que foi visto.

No campo das sugestões envolvendo o folclore russo, também foi cogitado que os estudantes poderiam ter inadvertidamente cruzado o caminho de gnomes. Essas criaturas que segundo as lendas, vivem em cavernas e passagens profundas no interior de montanhas, são descritas como selvagens e perigosas.

OS ARQUIVOS DO CASO

Apenas em meados de 1990s os arquivos do caso foram abertos ao público, até então eles permaneciam secretos. O conteúdo desses arquivos ao invés de revelar os acontecimentos, tornavam o incidente nas montanhas ainda mas misteriosos.

Segundo os documentos, a perícia médica encontrou altos níveis de radiação nos corpos e roupas de quatro dos esquiadores, como se eles tivessem manipulado materiais radioativos pouco antes de morrerem. O investigador chefe da polícia, Lev Ivanov, descreveu que um Contator Geiger foi usado na área do acampamento na encosta da montanha, apresentando uma alta concentração de radiação.

Ivanov também revelou que recebeu ordens expressas de seu superior regional para cancelar futuras investigações e se afastar do caso classificando tudo o que havia descoberto como confidencial. A investigação foi então assumida por indivíduos ligados às forças armadas. O policial recebeu ordens para entrevistar testemunhas que teriam visto "bolas de luzes voadoras" sobrevoando a área entre fevereiro e março de 1959. Os superiores de Lev se mostravam bastante interessados em qualquer informe sobre essas luzes estranhas. "Eu suspeitava na época e hoje estou quase certo que essas esferas brilhantes estão diretamente ligadas a morte daquelas pessoas". disse Ivanov em uma entrevista a um jornal regional em 1991.

Os arquivos continham o relato de outro grupo que se encontrava nas proximidades na noite fatídica; uma expedição de estudantes de geologia acampados a cerca de 50 km ao sul. O líder desse grupo disse ter observado estranhas luzes alaranjadas, como "bolas de fogo", flutuando no céu noturno na direção de Kholat-Syakhl. Um de seus colegas descreveu "um objeto circular brilhante" sobrevoando as montanhas na direção sul-sudoeste. O objeto era equivalente em tamanho à lua nova, seu centro tinha uma coloração alaranjada e uma espécie de halo de luz azulada que o envolvia. Esse halo às vezes piscava como se fosse um relâmpago à distância. O objeto circulou a área por mais de dez minutos e então ascendeu em alta velocidade desaparecendo no horizonte.

Ivanov especulou que os esquiadores devem ter saído da tenda para ver a forte luz que iluminou a noite. Uma vez lá fora, algo deve tê-los assustado para que corressem em desespero para longe do acampamento na direção da floresta. O policial suspeita que uma explosão pode ter causado a morte de quatro dos estudantes que apresentavam ferimentos sérios.

"Eu não posso afirmar que essas bolas de luz eram algum tipo de veículo alienígena como muitos especulam, mas estou certo que eles tem relação com as mortes". Yuri Yudin, único sobrevivente do grupo original também acredita que uma explosão causou a morte de seus amigos. Ele esteve com o grupo de resgate e viu o estado dos corpos à medida que eram removidos da área.

O grau de sigilo que envolve o incidente sugere que o grupo pode ter entrado em contato com algo de máxima segurança. A hipótese de que os militares estariam testando algum tipo de arma secreta é reforçada pela radiação e todo o esquema para acobertar a investigação. Yury Kuntsevich concorda, apontando para outra importante pista contida nos relatórios médicos, um inexplicável bronzeamento na pele das vítimas.

"Estive presente ao funeral de cinco vítimas e lembro que a face deles apresentava um tipo de bronzeado profundo" explicou. Alguns parentes dos estudantes se recordam que os corpos apresentavam uma coloração alaranjada e "cabelos grisalhos".

Os documentos liberados não continham nenhuma menção sobre a autópsia ou condições dos órgãos internos das vítimas. "Nós sabemos que nesses casos autópsias completas são realizadas, mas não foram localizados os laudos dos médicos chamados para essa tarefa". Kuntsevich afirma que os médicos pertenciam ao exército e que foram trazidos especialmente para conduzir o exame. O nome deles sequer é mencionado nos documentos apresentados. Os laudos médicos eram incrivelmente simples, sem informações vitais o que sugere um acobertamento das conclusões.

Dois anos após o incidente, a União Soviética enviou um satélite artificial para o espaço - o Sputnik, lançado da Base de Baikonur no Cazaquistão; pouco depois, Yuri Gagarin se tornou o primeiro homem a viajar pelo espaço. Seria possível que o sucesso repentino do programa espacial russo estivesse ligado a esse mistério? Até meados de 1955, o serviço secreto norte-americano não acreditava que os soviéticos fossem capazes de avanços significativos nã corrida espacial. A partir de 1959, as coisas mudaram drasticamente, o programa avançou incrivelmente.

Yury Kuntsevich revelou que uma expedição em 2007 descobriu uma espécie de "cemitério" de peças de metal e sucata nas montanhas próximas ao incidente. "Não há como esse material ter chegado ao local a não ser voando" disse “é possível que estes restos pertenciam a algum aparelho testado pelos militares, talvez até mesmo ao veículo que causou a tragédia de 1959”.

A teoria de Yudin é que os esquiadores escolheram justamente um local onde testes militares eram conduzidos. Eles teriam se assustado com o que viram e fugido para a floresta sem entender o que estavam presenciando, no processo alguns teriam morrido. Para acobertar os experimentos secretos, as autoridades teriam eliminado os sobreviventes.

Isso leva à questão central: o que os soviéticos estariam testando nas montanhas? Não é segredo que o governo soviético realizava testes com armas e tecnologia no decorrer de todo período da Guerra Fria. A área é ideal para esse tipo de teste, pois oferece condições de isolamento que permitem a realização de testes sem testemunhas civis, a presença dos esquiadores seria então uma trágica coincidência. Yudin relaciona a decisão de eliminar as testemunhas com a mentalidade da época: "civis poderiam revelar o que viram e isso seria um problema para as autoridades. Do ponto de vista prático, eles simplesmente não podiam deixar as montanhas". Além disso, se houve contaminação por radiação, os estudantes já estavam condenados. Eliminá-los antes que eles apresentassem os efeitos nocivos era uma maneira de preservar o segredo.

Mas embora essa explicação pareça se encaixar no caso, ainda fica a dúvida a respeito da ausência de pegadas na área. Se os militares estiveram presentes, eles teriam deixado pegadas na área inteira.

Moisei Akselrod, um amigo de Dyatlov, é uma das pessoas que defende uma teoria menos fantástica à respeito do que aconteceu nas montanhas. Ele acredita que uma avalanche tenha atingido o acampamento no meio da noite. Alguns dos esquiadores se feriram gravemente no deslizamento e os outros tiveram de fugir às pressas para a floresta deixando tudo para trás. Retornando depois para o acampamento eles retiraram os feridos e tentaram mantê-los aquecidos, mas estes acabaram sucumbindo. Posteriormente, o frio extremo do inverno acabou matando a todos. Os corpos teriam sido enterrados por homens da tribo Mansi de passagem pela região que dada a repercussão do caso preferiram não se apresentar.

Evgeniy Buyand e Valentin Nekrasov, experientes esquiadores, também defendem a versão de que o caso foi resultado de um acidente. Afirmam que os ferimentos das vítimas são condizentes com o impacto de um grande deslizamento de neve que cobriu parte do acampamento e forçou os outros a fugir. O crânio quebrado de Thibaux-Brignolle foi resultante do impacto, enquanto Dubinina mordeu e arrancou a própria língua.

Os céticos dessa teoria apontam para o fato dos esquiadores terem percorrido uma distância de mais de um quilômetro à pé em uma temperatura de –30º C. Eles teriam então retornado para encontrar seus companheiros feridos e os carregado para o local afastado onde foram encontrados. Se eles estavam em condições de resgatar seus companheiros, porque não foram capazes de descer a encosta em busca de ajuda? Porque teriam simplesmente ficado na montanha aguardando a morte? Além disso, porque não resgataram suas provisões na barraca?

O LEGADO

Desde que detalhes foram divulgados a respeito da tragédia a partir de 1990, pesquisadores continuam a buscar respostas. O jornalista Anatoly Guschin, foi uma das primeiras pessoas a estudar os arquivos originais, e sustenta que nem todos os documentos do caso foram apresentados ao público. Em 1999, ele publicou um livro entitulado "O Preço dos Segredos de Estado" a respeito de sua teoria a respeito de armas secretas e uma conspiração militar para cobrir o caso. Lev Ivanov também acredita em uma conspiração, já que foi coagido a enterrar o caso, mas ele morreuacreditando que os esquiadores foram mortos em uma espécie de contato alienígena.

Em 2000, uma rede local de televisão filmou um documentário à respeito da tragédia nas montanhas. Desde então o caso ganhou ainda mais repercussão. A Fundação Dyatlov continua buscando uma solução para o caso e tenta junto à justiça russa uma reabertura do caso.

Em 2010, seis indivíduos que fizeram parte da equipe de resgate e 31 experts em sobrevivência na neve se reuniram em Yekaterinburg para uma conferência organizada pela Universidade Técnica dos Urais (a antiga Politécnica), a Fundação Dyatlov e várias entidades não-governamentas. Eles concluíram que os militares estavam realizando testes na região e que foram estas experiências que causaram a morte dos esquiadores. O Ministério da Defesa da Rússia não se manifestou à respeito.

O que realmente aconteceu em no dia 1-2 de fevereiro de 1959, provavelmente jamais será conhecido mas Dyatlov e seus amigos dificilmente serão esquecidos. O local onde ocorreu o incidente recebeu oficialmente o nome de "Passagem Dyatlov".

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O Incidente na Passagem Dyatlov - Mistério no Gelo (Parte 1)

A história como é contata parece algo saído de um filme de horror: dez estudantes saem para um passeio no campo, pretendem esquiar e se divertir durante um feriado. Eles seguem para os Montes Urais, na Rússia e nunca mais são vistos com vida.

Eventualmente seus corpos são encontrados – cinco deles congelados até a morte perto da tenda, quatro outros vítimas de misteriosos ferimentos – um crânio arrebentado, uma língua arrancada – enterrados a uma alguma distância do acampamento. Tudo leva a crer que eles tentavam fugir do lugar em desespero no meio da noite. Deixaram para trás esquis, comida e roupas quentes, se embrenharam em uma floresta escura, coberta de neve, mesmo sabendo que não teriam chance de sobreviver em um ambiente inóspito cuja temperatura beirava –30º C.

Na época, os investigadores perplexos com a descoberta não foram capazes de oferecer uma explicação para o que aconteceu com o grupo, e afirmaram que eles morreram vítimas de uma “força desconhecida que os compeliu de alguma forma à loucura”. O caso foi então encerrado pelas autoridades soviéticas e por muitos anos foi arquivado como “Ultra-Secreto”.

Após meio século, o mistério continua sem solução. Qual a natureza dessa “força desconhecida” capaz de matar nove jovens com experiência em montanhismo? O que as autoridades soviéticas pretendiam esconder? E se esse for o caso, o que o grupo de resgate encontrou na paisagem desolada dos Montes Urais? O mistério permanece e um sem número de soluções foram sugeridas nos anos que se seguiram, envolvendo desde tribos hostis a monstros do folclore russo, passando por alienígenas e testes secretos com tecnologia experimental.

“Se eu tivesse a chance de perguntar qualquer coisa a Deus, seria a respeito desse terrível evento. O que aconteceu com os meus amigos naquela noite ainda me atormenta”. Disse Yuri Yudin, o décimo membro da trágica expedição e único sobrevivente. Yudin não acompanhou seus colegas nos últimos dias de viagem, ele não se sentia bem – vítima de um resfriado decidiu retornar antes da noite fatídica. A morte de seus amigos permanece como um doloroso mistério que ele ainda tenta solucionar pessoalmente.

A EXPEDIÇÃO

Yudin e seus nove companheiros iniciaram sua viagem no dia 23 de janeiro de 1959, seu destino as Montanhas na face norte dos Urais. Ele e outros oito eram alunos do Instituto Politécnico do Ural em Ekaterinburg, localizado na região de Sverdlovsk , a quase 2000 quilômetros de a leste de Moscou.

Naquela época a cidade ainda era chamada de Sverdlovsk, e era lembrada como o local onde o Tsar Nicolau e a família imperial havia sido brutalmente assassinados pelos revolucionários soviéticos. Em 1959, a União Soviética estava em meio a algumas mudanças sociais depois de décadas de repressão pelo Regime Stalinista, e sob o comando do novo premier Nikita Khrushev, as pessoas experimentavam um pouco mais de liberdade. O final dos anos 50 foi marcado pela explosão dos esportes de turismo na Rússia a medida que o país ainda tentava deixar para traz o período de austeridade do pós-guerra. Esquiar, percorrer trilhas e acampar eram passatempos comuns entre os jovens, uma forma de escapar ainda que momentaneamente da estrutura repressiva do dia a dia, retornar à natureza na companhia de amigos e se afastar dos olhos sempre vigilantes do estado. Tais atividades eram comuns entre estudantes, que se aventuravam em regiões isoladas e selvagens do interior da União Soviética.

O grupo de alunos do Instituto Politécnico dos Urais era composto por jovens com experiência em meio a vida selvagem. Eles faziam parte de um Clube de Turismo Esportivo, e eram liderados por Igor Dyatlov de 23 anos, respeitado pelo seu conhecimento em sobrevivência na neve e sua habilidade como esquiador e montanhista.

Não era a sua primeira expedição e o grupo confiava em seu julgamento. O caminho escolhido pelo grupo até Otorten era perigoso, uma rota categorizada como nível 3 – perigo de deslizamento e um terreno traiçoeiro a uma altitude de 1100 metros. Mas a experiência dos alunos demonstrava que nenhum deles estava intimidado diante do desafio. Na verdade, as fotos que eles tiraram durante o percurso demonstram que todos estavam se divertindo e pareciam tranqüilos no decorrer do trajeto.

Além de Dyatlov e Yudin, o grupo era composto por Georgy Krivonischenko (24), Yury Doroshenko (24), Zina Kolmogorova (22), Rustem Slobodin (23), Nicolas Thibeaux-Brignollel (24), Ludmila Dubinina (21), Alexander Kolevatov (25) e Alexander Zolotaryov (37). Todos eram alunos de cursos do Instituto, exceto Zolotaryov o mais velho do grupo, que segundo algumas fontes era apenas um conhecido de Dyatlov. Ele se mostrou um pouco relutante em aceitá-lo na expedição, mas Zolotaryov era um montanhista bastante capaz e fora recomendado por alguns amigos do próprio Dyatlov.

Então, em 23 de janeiro o grupo de 10 indivíduos partiu rumo a uma viagem de três semanas nas montanhas. Eles seguiram de trem até Ivdel, chegando a esse destino no dia 25, e de lá fretaram passagens em caminhões até Vizhai – o último vilarejo habitado antes da imensidão coberta de neve que se estendia até Otorten. Eles deixaram o povoado no dia 27 e começaram a marchar através da paisagem branca. No dia 28, Yudin começou a apresentar febre e resolveu retornar a Vizhai como precaução. O grupo confiando que a trilha ainda estava fresca e que o dia estava limpo decidiu deixar seu colega voltar sozinho. A expedição agora composta de 9 pessoas, levantou acampamento e se despediu de Yudin combinando reencontrá-lo alguns dias depois.

Foi a última vez que alguém os viu com vida. Os eventos que se seguiram a partida de Yudin só podem ser reconstruídos através dos diários e fotografias recuperadas na área onde o grupo ergueu seu último acampamento.

Tendo deixado Yudin, a expedição esquiou através de uma encosta na direção de lagos congelados, seguindo antigas trilhas usadas pela tribo Mansi, habitantes da região, por cerca de quatro dias. Em 31 de janeiro, eles chegaram a embocadura do Rio Auspia, onde montaram acampamento em terreno elevado. O grupo deixou parte de seu equipamento e provisões nessa base para explorar a região. Desse ponto, iniciaram a escalada do Otorten em primeiro de fevereiro.

Por alguma razão, provavelmente tempo adverso – eles acabaram desviando sua rota original e seguiram para uma região menos desafiadora conhecida como Kholat Syakhl a uma altitude abaixo de 1,100m. Por volta das cinco da tarde, o grupo decidiu que era mais seguro montar acampamento para passar a noite. Fotografias tiradas durante essa tarefa mostram que todos estavam bem e pareciam animados. O grupo poderia ter tentado retornar a sua base onde teriam uma proteção mais eficiente contra os rigores do tempo, mas devem ter preferido descansar e aguardar uma mudança no dia seguinte.

As últimas anotações no diário dos exploradores evidenciam que eles estavam de bom humor e tudo corria dentro do esperado. Não havia sinal de desentendimentos ou disputas internas, na verdade a viagem transcorria sem qualquer imprevisto.

A BUSCA

O plano original do grupo era retornar a Vizhai por volta do dia 12 de fevereiro, de onde Dyatlov mandaria um telegrama ao Clube de Esportes do Instituto avisando que todos haviam chegado em segurança. Ninguém se preocupou quando o telegrama não foi enviado na data estipulada – final de contas, todos eram veteranos de escaladas dessa natureza. Apenas em 20 de fevereiro, parentes preocupados com a falta de notícias resolveram entrar em contato com as autoridades em busca de informações. O Clube reuniu um grupo de voluntários, entre os quais professores e estudantes do Instituto, acompanhados de policiais e então do exército, despachados em helicópteros e aeroplanos.

O grupo de resgate localizou o acampamento dia 26 de fevereiro. “Encontramos o lugar abandonado. Uma das tendas ainda estava de pé, mas coberta com neve. Ela estava vazia, mas todos os objetos pertencentes a expedição haviam sido deixados para trás” relatou Mikhail Sharavin, o estudante que encontrou o acampamento durante as buscas. A tenda estava rasgada de dentro para fora, com um rasgo de faca na lona, largo bastante par um homem adulto passar por ele. Pegadas podiam ser vistas no chão coberto por pelo menos um metro de neve, havia marcas deixadas por pés calçando meias, botas e de um único pé descalço (o que não faz sentido em um ambiente congelante!).

Embora não se tenha definido a quem pertenciam as pegadas, supõe-se que não haviam marcas deixadas por pessoas de fora do grupo. Tampouco havia qualquer sinal de luta. Os esquis foram deixados de lado, assim como os sapatos de neve. Seria impensável que veteranos se afastassem do acampamento sem vestir esses equipamentos básicos.

As pegadas levaram o grupo de resgate até a floresta, mas os rastros sumiam depois de 500 metros. Delimitando a área de busca, as equipes concetraram seus esforços nesse perímetro. A cerca de 1,5 Km da tenda encontraram dois corpos que pertenciam a Georgy Krivonischenko e Yury Doroshenko, descalços e vestindo roupas de dormir, eles se encontravam nos limites da floresta, sob um grande pinheiro. Suas mãos apresentavam queimaduras, e havia restos de uma fogueira ali perto. Os galhos mais baixos do pinheiro estavam quebrados até uma altura de 5 metros, sugerindo que os dois tentaram escalar para observar os arredores ou se proteger.

Trezentos metros adiante encontraram o corpo de Dyatlov, caído de costas na neve com a face encarando o céu e um galho de árvore preso em seus dedos. Mais 180 metros em frente acharam Rustem Slobodin, e a 150 metros dele estava Zina Kolmogorova; ambos pareciam ter se arrastado em um esforço final até perderem as forças e desmaiar na neve.

Os médicos atestaram que todos os cinco morreram de hipotermia. Apenas Slobodin possuía ferimentos além das queimaduras nas mãos, ele havia sofrido um golpe na cabeça, embora essa não tenha sido a causa direta da sua morte.

Levou mais dois meses até o paradeiro dos quatro membros restantes da expedição ser descoberto. Os corpos haviam sido enterrados em uma ravina a quatro metros de profundidade em uma área que ficava a 75 metros do pinheiro. Nicolas Thibeaux-Brignollel, Ludmila Dubinina, Alexander Kolevatov e Alexander Zolotaryov haviam sofrido mortes violentas. Thibeaux-Brignollel tivera o crânio fraturado por um objeto pesado, Dubunina e Zolotarev tinham vários ferimentos e costelas quebradas. Dubinina havia tido a lingua arrancada. Os corpos estavam amontoados na mesma cova como se tivessem sido atirados ali dentro e cobertos imediatamente.

De acordo com o escritor Igor Sobolyov, que investigou o incidente, alguns dos mortos estavam usando roupas que não lhes pertenciam como se tivessem removido os trajes dos seus companheiros para assim se manter aquecidos. Zolotaryov estava vestindo o chapéu e casaco que pertencia a Dubinina, enquanto os pés de Dubinina estavam envoltos em tiras rasgadas das calças que pertenciam a Krivonishenko. Thibeaux-Brignolle tinha dois relógios no braço esquerdo – um deles marcava 8.14am, e o outro 8.39am.

A despeito das muitas perguntas que essa descoberta levantou, as investigações foram concluídas no final do mês e os arquivos foram selados e mantidos em um arquivo secreto. Ainda mais estranho, esquiadores e curiosos foram impedidos pelas autoridades de transitar pela região pelos três anos seguintes.

Continua...