terça-feira, 9 de junho de 2015

Mesa Tentacular: The Lighthouse at Lonely Point no Dungeon Carioca


E depois de uma longa ausência, Mesa Tentacular está de volta.

Semana passada tivemos o tradicionalíssimo encontro de RPG do Dungeon Carioca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro onde tive a oportunidade de narrar uma mesa amistosa de Chamado de Cthulhu.

A ideia é que a mesa em questão servisse para apresentar o sistema e ambientação a novos jogadores, em parte funcionou, metade da mesa não conhecia Chamado de Cthulhu, ou tinha ouvido falar apenas por alto do que se tratava o jogo. Um dos jogadores sequer havia jogado RPG, mas tinha interesse em conhecer (o que sempre é muito bacana!). O restante dos jogadores era "macaco velho" na nobre arte de rolar dados multifacetados e de perder sanidade nas minhas mesas habituais. 

Mas o legal é que essa mistura de iniciantes e veteranos funcionou perfeitamente, com o pessoal já experiente ajudando os novatos a compreender o funcionamento das regras e os detalhes da ambientação. No geral, foi um jogo muito divertido, que infelizmente eu deveria ter registrado com mais fotos, mas uma vez que a aventura era um tanto longa não dava para perder muito tempo. Acho até que tive que correr um bocado para conseguir fechar, mas são os ossos do ofício.

Quanto ao cenário, escolhi a aventura "The Lighthouse on Lonely Point" (O Farol no Ponto Solitário), presente na antologia Island of Ignorance da Golden Goblin Press. Escrito por Oscar Rios - um dos mestres responsáveis por excelentes aventuras recentes de Cthulhu. Assim que li o roteiro soube que ela seria ideal para um grupo com pouca quilometragem e para neófitos completos.

Antes de mais nada, alterei o nome da aventura, bem como alguns trechos da estória original. Preferi chamá-la de "Night of the Shark" (Noite do Tubarão) por razões que, vocês perceberão, são bastante óbvias. Uma vez que pretendo narrar esse cenário mais uma vez, não vou dar muitos detalhes a respeito da estória, ao invés disso, prefiro fazer apenas um resumo para não estragar a diversão de outros que venham a jogá-la.

A sinopse é a seguinte:

A estória tem lugar em 1921, em New London, uma pequena cidade costeira que vem enfrentando sérios problemas. O farol instalado na virada do século na isolada Ilha de Lonely Point sempre ofereceu segurança para as embarcações que navegam pela traiçoeira costa repleta de recifes e pedregulhos. Antes dele ser construído, não era raro que embarcações se chocassem com as rochas e afundassem. Graças a ele, as coisas melhoraram e a cidade conseguiu prosperar com a atividade do porto. Infelizmente uma tragédia deu início aos problemas, o vigia do farol morreu em um acidente fatal. Naturalmente ele precisou ser substituído, contudo, os faroleiros contratados para assumir o trabalho não querem ficar muito tempo... há algo estranho em Lonely Point. Alguns falam de uma presença invisível, de uma sensação desagradável, de sons guturais ouvidos durante a noite e gemidos que se traduzem em maus agouros. Outros são mais diretos e afirmam categoricamente que o lugar é assombrado.

Seria o fantasma da mulher do antigo vigia que desapareceu sem deixar vestígios? Seria o próprio sujeito que continua sua ronda perpétua? Seria alguma criatura das antigas lendas indígenas? Ou seria algo muito mais terrível e profano?

Um grupo de indivíduos com certas habilidades é contratado para investigar o caso e apurar se os rumores sobre o antigo farol tem algum fundo de verdade.

Como podem ver a premissa é bastante simples, uma variação da clássica estória de casa mal-assombrada, transposta para um farol numa ilha isolada, que é claro será assolada por uma forte tempestade prendendo a todos lá. Spoiler? Que nada, todo mundo sabia que isso ia acontecer... Nada mais clássico, afinal de contas.

A medida que o grupo tenta encontrar pistas sobre as pessoas que viveram na ilha, descobrem que a família não era exatamente um exemplo de estabilidade e que muitos cidadãos de New London conhecem estórias perturbadoras a respeito deles. Quando finalmente, os investigadores embarcam para Lonely Point as coisas se mostram ainda mais terríveis, a medida que eles descobrem segredos negros, ciúmes doentios, rituais repulsivos e o envolvimento de coisas que não deveriam existir em um universo racional e coerente.

Na sequência final da aventura temos o encontro com uma criatura marinha realmente aterrorizante que foi responsável pelo enorme número de baixas nesse cenário one-shot. Dos seis personagens que deram início a investigação, apenas dois conseguiram deixar a ilha vivos, os demais foram caindo de forma horrivelmente sangrenta.

Algumas dessas mortes, aliás, precisam ser descritas em detalhes sanguinolentos para a posteridade. Em uma delas, a personagem foi devorada por uma mordida de tubarão que a cortou ao meio, restando apenas a porção da cintura para baixo - "uma perna caindo para cada lado". Outro personagem recebeu um golpe de cauda voando três metros e batendo com toda força em uma parede, quebrando a coluna em vários pontos. Um outro foi atacado pelo monstro e gravemente ferido, mas a morte só veio depois que as chamas dominaram o farol e ele ser abandonado à própria sorte pelos seus "fiéis companheiros".

Mas nem tudo foi tristeza... um dos personagens foi responsável por protagonizar um feito de sobrevivência digno de Bear Grills (o especialista que sobrevive aos piores cenários no programa "Contra Tudo"). Mordido pelo monstro e recebendo 14 pontos de dano em uma única investida, o personagem ainda conseguiu manter sua consciência, rastejou para um lugar seguro e realizou um teste de Primeiros Socorros em si mesmo (com metade das chances) a fim de estancar o imenso ferimento sofrido. Tudo bem, ele perdeu um braço e metade do flanco esquerdo do corpo, mas poderá dizer orgulhoso que sobreviveu a essa provação.

Se estão curiosos a respeito da criatura responsável por todas essas atrocidades, eu pretendo colocá-la em evidência num próximo artigo com alguns detalhes de como lançar sua fúria homicida em cima dos seus jogadores. Guardiões, não precisam agradecer... 

Bom, como podem ver, foi mais um "dia feliz" na companhia dos Mythos e de horrores lovecraftianos na Mesa Tentacular. Quem quiser participar de uma próxima edição basta ficar de olho no calendário de eventos no grupo do Facebook e garantir presença.

Por enquanto, ficamos por aqui nos despedindo com algumas fotos:


Props, props, props... essa aventura contou com uma boa quantidade de Handouts, sobretudo fotografias, mapas e cartas.

Dentre os Handouts que deram mais trabalho (mas que ficaram mais interessantes), estão as cartas em papel manteiga. Apesar de ter usado um envelope da Companhia de Correios do Brasil, eu adoro quando um handout vem lacrado e o grupo precisa abrir. 


O grupo pouco antes do início da aventura, ainda esperançoso de que iria sobreviver à visita ao Farol de Lonely Point.


E lá pelas tantas, a confiança vai se tornando apreensão... sobretudo quando todos os que estiveram no lugar parecem ter enloquecido ou morrido. "Hmmmm, isso não vai acabar bem".


As fichas de personagens da aventura - Dois repórteres, um parapsicólogo, seu ajudante/secretário/faz tudo/capacho, um militar reformado com traumas da Grande Guerra e um autor em busca de uma boa estória para seu próximo livro. E deles, apenas o parapsicólogo e o militar viveram para contar a estória. 


E a tradicional fotografia de sobreviventes de pé e mortos, agachados. Placar da sessão de Maio,Guardião 4 a 2 contra os jogadores.

Obrigado a todos pelas horas de diversão... nos vemos no próximo!

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