domingo, 3 de julho de 2016

As Ruínas de Kuelap - A Ancestral Cidadela do Povo das Nuvens


Cem anos atrás, Hiram Bingham "descobriu" a cidade perdida de Machu Picchu no Peru. O lugar impressionou o mundo, e através das páginas da Revista National Geographic, rapidamente se tornou uma das ruínas mais famosas e icônicas de nossos tempos. 

O que poucas pessoas sabem é que pouco menos de 70 anos antes de Bingham escavar as famosas Ruínas Incas, mais ao norte, outra cidade perdida quietamente tomada pela floresta, um dos mais incríveis monumentos erguidos pelos povos americanos, havia sido encontrada.

A existência de Kuelap foi trazida a atenção do mundo em 1843 graças a um juiz chamado Juan Crisóstomo Nieto, que foi guiado até o local por nativos enquanto realizava um levantamento topográfico da área. Os camponeses sabiam da localização das ruínas de seus ancestrais, mas garantiam que nenhum homem branco havia visitado o lugar.  Em uma carta enviada a um administrador regional, Crisóstomo escreveu sobre a notável descoberta: uma cidade de tamanho assombroso, com uma incrível arquitetura. Logo aventureiros foram atraídos pela notícia, abrindo caminhos pela selva com machetes para ver pessoalmente aquele colosso antigo. Havia rumores sobre tesouros ocultos, riquezas em ouro e prata que haviam escapado da pilhagem dos conquistadores espanhóis e que estariam escondidos na cidade. Mas a jornada até Kuelap era perigosa, e poucos conseguiam chegar ao seu destino. Havia nativos hostis, bandidos, doença, animais selvagens, corredeiras e uma selva tão densa que impedia até a passagem do sol. Os exploradores que conseguiram atingir as ruínas de Kuelap se impressionavam com a inacreditável visão que os saudava. Aquele último baluarte erguido pelos nativos descansava intocado no topo de sua montanha, envolvida pelo silêncio e pelo mistério das eras. 

Ao redor de Kuelap se estendem os Andes Amazônicos, uma escarpada cadeia de montanhas entrecortada por ravinas profundas e precipícios envoltos por uma floresta enevoada. Ela era o lar dos Chachapoya, um povo famoso pelos seus bravos guerreiros e poderosos xamãs, cuja civilização floresceu de 800 dC até que os Incas os derrotaram por volta de 1470. Eles viveram como tribos autônomas (chamadas de ayllus), em moradias redondas, aglomeradas nos cumes mais altos. Restos desses distintos assentamentos estão espalhados ao longo de toda região, e mais extraordinário, é o fato que sabemos tão pouco a respeito deles. Já nos tempos dos Conquistadores Espanhóis, uma aura de exotismo permeava tudo a respeito desse povo que vivia empoleirado no que pareciam ser os limites da civilização andina, a "Ceja da Selva", a Sobrancelha da Selva.


"Eram os nativos com a pele mais branca e os traços mais graciosos dentre todos habitantes originários daquelas terras longínquas", escreveu o Padre Calancha, que acompanhou uma das primeiras expedições a adentrar essa região afastada, "e as mulheres são as mais belas, quase como damas em sua distinta aparência".    

Chachapoya, é um nome do idioma Inca que significa "Povo que vive nas Nuvens", ou a "Tribo no Topo do Mundo".

Hoje os visitantes podem não precisar de uma machete, mas Kuelap continua sendo um lugar de difícil acesso, preterido pelos turistas gringos. Estradas conectando a cidade mais próxima, Chachapoyas, com o resto do Peru são raras e acidentadas, sujeitas a perigosos deslizamentos de terra e pedras nas estações de chuvas, sem mencionar que apresentam curvas sinuosas e precipícios perigosos que parecem dispostos a engolir quem se distrair na pista. Não é de se estranhar que a maioria das pessoas prefira seguir em burros ou à pé, ao invés de se arriscar com veículos motorizados. Todo ano, pelo menos um carro mergulha em um precipício para a morte certa. Muitos não são sequer encontrados, pois a selva cobre tudo com seu manto verdejante em poucos dias.

Mas para os que chegam ao lugar, a visão de Kuelap é surpreendente. A cidadela se localiza a 3,000 metros acima do nível do mar, na base de um imenso platô. Há uma trilha muito antiga que leva até o topo, com uma ingrime escadaria de pedra que por muito tempo ficou coberta por densa vegetação. Com a vegetação fechada crescendo ao longo de séculos e o nevoeiro constante, a cidade fica quase invisível em sua posição elevada. 


Os camponeses que habitavam a região, quase todos descendentes dos nativos incas sabiam da existência de Kuelap, muito embora evitassem escalar a montanha e visitar o local. É razoável supor que desde seu abandono até sua redescoberta, pouquíssimas pessoas exploraram a cidadela.

Ao redor de Kuelap foi construído um paredão de rocha lisa com 20 metros de altura que se estende por uma área total de seis hectares delimitando o centro urbano. O complexo inteiro, incluindo os terraços, tumbas e moradias se encontram atrás dos muros que concediam proteção contra invasores. Construída com blocos de pedra removidos dos precipícios adjacentes, o muro é liso, exceto por uma fenda que conduz a um corredor estreito permitindo o acesso ao interior da cidadela.

Dentro dela, chamam a atenção as casas em formato arredondado, construídas umas juntas das outras como bolhas na água. A floresta invadiu o centro da cidade: raízes grossas racharam o calçamento e derrubaram paredes, musgo cobre as paredes, enquanto flores e vinhas crescem em todos os cantos bloqueando as antigas ruas e vias públicas. Quando os primeiros arqueólogos profissionais chegaram a Kuelap tiveram dificuldade em identificar o que eram ruínas construídas e o que eram pedras naturais, já que tudo estava tomado pela selva.

No total, há mais de 400 prédios em Kuelap, quase todos eles com a mesma arquitetura circular medindo entre cinco e quinze metros de diâmetro. Um dia, essas casas rudimentares foram o lar de uma população que pode ter chegado a três mil habitantes. As casas foram construídas com pedra, próximas umas das outras para garantir assim proteção contra os elementos.     


Cada casa possuía uma seção superior e inferior, um sistema adotado tradicionalmente pelos povos andinos. A parte superior é acessada por escadas e algumas delas possuem terraços que permitiam a ventilação nas moradias. Cada uma das casas precisava de manutenção frequente o que explica a existência de um grande depósito de pedras no centro da cidade que fornecia material para que reparos fossem realizados conforme a necessidade. Esse material também servia para reparar o calçamento das ruas e praças, os muros e é claro, os prédios administrativos. Os Chachapoya não pagavam impostos aos seus governantes, mas eram obrigados cinco vezes por ano a trabalhar em obras públicas na cidade. Aqueles que trabalhavam mais dias recebiam como compensação material mais barato ou até gratuito.

Mas quem eram os habitantes de Kuelap e o que eles temiam para construir muros tão altos? Qual era o propósito da cidadela? Ninguém sabe ao certo. Ela pode ter sido uma espécie de fortaleza que abrigava uma família importante, os membros de uma Dinastia ou um poderoso Chefe tribal. Alguns pesquisadores acreditam que Kuelap era o Centro político da Civilização Chachapoya, embora algumas evidências sugiram que eles seriam uma sociedade fragmentada.

É possível que os muros fossem uma defesa contra os povos Wari, que na mesma época estavam tentando expandir seus domínios para as áreas montanhosas centrais a partir da costa. Os Wari eram um povo guerreiro que costumava invadir as terras de seus vizinhos atrás de comida, riqueza e escravos. É possível que os Chachapoya tenham enfrentado os Wari repetidas vezes e que Kuelap fosse uma fortificação praticamente inexpugnável para onde eles podiam escapar e suportar longos períodos de cerco. O que parece certo é que os Chachapoya construíram Kuelap para se proteger de algo extraordinário, por um medo ou ambição fortes o bastante para congregar todas as tribos e organizar um enorme empreendimento.

Os Chachapoya também eram um povo guerreiro conhecido pela sua ferocidade em combate. Eles forjavam armas afiadas: espadas com lâminas de sílex, lanças pontiagudas, escudos de madeira reforçada e armaduras de couro batido. Os Incas eram seus inimigos naturais e o grande número de crânios encontrados em um templo de Kuelap possuem evidência de terem sido escalpelados e tomados como troféus de guerra. Nas guerras tribais, os guerreiros Chachapoya usavam crânios de seus inimigos vencidos em volta do pescoço como forma de intimidação. Por vezes adornavam o alto dos muros com estacas onde fincavam os crânios de seus inimigos ou penduravam membros em cordas: pernas, braços ou genitais amputados, para assustar os invasores. Sangue era derramado, escorrendo pelo paredão como uma torrente escarlate. 


A fama dos Chachapoya chegou até os espanhóis que ficaram impressionados pelas façanhas de seus guerreiros e xamãs. Juan Polo de Ondergado, um chefe de expedição espanhol escreveu em seu diário: 

"Os homens preferem enfrentar qualquer outra tribo aos Chachapoyo, já que eles são conhecidos pela sua crueldade e pelos venenos que produzem. Ao se aproximar desses guerreiros todo cuidado é pouco pois mesmo as mulheres e crianças carregam dardos e setas envenenadas que disparam soprando enormes canudos. Um homem atingido por esse veneno tem a pele escurecida, seus órgãos incham, fica cego e morre em poucos dias enfrentando terrível agonia. Para esse veneno atroz não há cura."       

As numerosas referências a feiticeiros e brujos nas primeiras crônicas escritas pelos espanhóis a respeito dos Chachapoya parecem comprovar que os nativos conheciam bem o uso de plantas medicinais. De fato, as terras dos Chachapoya ficavam em uma área com abundância de plantas com aplicação farmacológica. Os xamãs tinham um amplo conhecimento de plantas usadas para curar e remediar ferimentos. Eles também compravam ervas e plantas trazidas por mercadores especialmente contratados para esse serviço. Os pagavam com valiosos cristais de quartzo escavados das pedreiras próximas. 

Os ossos dos antigos Chachapayo atestam o conhecimento medicinal dos xamãs. Muitos deles passaram por cirurgias complicadas para fixar ossos e garantir a calcificação. Alguns crânios evidenciam a realização de trepanação que servia para curar aflições e com propósito místico. Uma abertura no crânio, no ponto correto, garantia uma percepção sobrenatural do mundo. Ver o Mundo como ele realmente é, com uma percepção além do usual. 

Os mitos dos Chachapayo eram repletos de Deuses, monstros e demônios que habitavam o Submundo, mas que podiam ser invocados para nossa realidade. Os xamãs acreditavam em magia e feitiços, realizavam sacrifícios para agradar aos deuses, garantir benefícios e obter seu favor divino. Arqueólogos e Antropólogos acreditam que o interesse dos Chachapayo pelo sobrenatural tenha chegado ao conhecimento dos religiosos que acompanhavam as expedições espanholas e que tenha despertado enorme preocupação dos clérigos, temerosos da prática de bruxaria e feitiçaria entre os nativos do Novo Mundo. 


Os sacerdotes eram frequentemente convidados a integrar as expedições espanholas, servindo como consultores teológicos e como especialistas em práticas mágicas. Esperava-se que os membros das ordens religiosas fossem capazes de quebrar feitiços, romper maldições e afastar os temidos malefícios dos xamãs. Imagens sacras eram carregadas como símbolo da presença da cristandade e usados para intimidar os Chachapayo que temiam representações dessa natureza. Isso ajudava a aumentar a importância dos símbolos religiosos entre os conquistadores: estátuas, cruzes e representações eram carregadas sempre adiante das comitivas.

A imposição do Culto Solar Inca e depois do Cristianismo pelos espanhóis destruiu as crenças dos Chachapoya. Os rituais místicos, práticas de sacrifício e o uso de alucinógenos se perderam há muito tempo. O pouco que sabemos está representado em murais e placas esculpidas em pedra. Eles reverenciavam deuses com corpo de serpente e animais como o condor tratados como emissários dos Deuses. Também consideravam os raios como instrumentos divinos de destruição e iluminação. Observavam as estrelas e calculavam a passagem do tempo com exatidão. Arqueólogos encontraram representações de híbridos humano-felinos, humano-répteis e de estranhos anões com o corpo coberto de escamas e penachos na cabeça. Suas Deusas eram voltadas a fertilidade, com entidades bizarras dotadas de cristas, múltiplas vaginas e tentáculos. Elas representavam os ciclos de plantio e eram invocadas em datas específicas para abençoar as colheitas e fazer com que não faltasse água e comida. Fúteis e volúveis exigiam sacrifícios para conceder suas bençãos.     

Curiosamente os templos em Kuelap eram construções pequenas e discretas. A mais impressionante delas apelidada de "El Tintero" (o Pote de Tinta) parece uma garrafa de ponta cabeça em formato de cone. Em seu interior, há uma câmara com um curioso altar de pedra lisa colocada sobre uma base arredondada. Ao longo dos anos houve várias teorias a respeito do propósito do Tintero: seria ele uma masmorra, um mausoléu, um depósito ou um reservatório de água. A maioria dos arqueólogos, no entanto acreditam que sua função fosse religiosa. Oferendas foram encontradas no topo da torre: ossos de lhama, porquinhos da índia, pássaros e as cinzas de outros animais foram estocadas em potes de cerâmica sugerindo que seriam sacrifícios. Em 1996, uma equipe do Museu do Homem de San Diego estudou o prédio e concluiu que ele servia como um observatório solar. Eles descobriram que durante os meses de Outubro e Março - datas importantes para os fazendeiros locais, um raio de sol brilhava em um ângulo de 90 graus iluminando o altar de pedra. O sol também podia ser visto no alto da estrutura que possuía uma espécie de claraboia que era aberta em datas festivas.  Além de sua função no calendário do plantio, a posição do Tintero representaria o Axis Mundi: sendo Kuelap o centro do mundo, ao redor do qual todo o Cosmos se movia.   


Um aspecto curioso do sistema de crenças dos Chachapoya é sua atitude diante da morte. Os habitantes de Kuelap gostavam de manter seus ancestrais sempre perto. Havia portanto catacumbas e tumbas em todo canto: em nichos nas paredes, de baixo das casas, na face dos penhascos. Os mortos pareciam co-existir com os vivos, como uma presença permanente no dia a dia. Tudo isso tornava Kuelap um lugar de imenso significado sagrado que provavelmente atraía visitantes em peregrinação e pessoas interessadas em sepultar ali seus entes queridos.    

Nos limites da cidadela há um espaço escarpado junto da montanha em que repousam catacumbas cavadas na rocha, repletas de purunmachus, grandes vasos de barro cozido em cujo interior eram colocados cadáveres em posição fetal. As condições climáticas e o tratamento dispensado aos cadáveres permitia que eles fossem naturalmente mumificados. Este lugar era provavelmente o mais sagrado de Kualup, um espaço em que os habitantes podiam comungar com seus ancestrais, oferecer-lhes comida e bebida e visitar suas tumbas para ali conduzir importantes rituais e festividades.

A destruição dos Chachapoya, quando veio, foi rápida, completa e terrível; sua arte e iconografia foi devastada e seu idioma obliterado. Os Chachapoya foram derrotados pelo chefe Inca Tupac Yupanqui por volta de 1475 - embora Kuelap, não conste em sua lista de conquistas, possivelmente por nunca ter sido tomada. Eles ainda tentaram resistir a dominação Inca se rebelando repetidas vezes. Por fim, os Incas se cansaram de sua rebeldia e decretaram que todos os guerreiros Chachapoya fossem executados ou banidos para além dos limites do Império. 

Não se sabe o que aconteceu com o povo que habitava Kuelap, mas é provável que sem contar com aliados na região a população aos poucos começou a abandonar o lugar. Os últimos Chachapoya devem ter deixado a cidadela menos de 20 anos depois de sua derrota para os Incas. Uma investigação conduzida por uma equipe de televisão britânica na década de 1970 descobriu os restos de pelo menos 100 pessoas que teriam cometido suicídio coletivo, lançando-se do alto dos muros da cidadela mais ou menos na mesma época. É possível que diante da perspectiva de abandonar sua morada, essas pessoas tenham escolhido a morte. Uma vez que muitos dos cadáveres apresentavam ferimentos semelhantes no crânio, chegou-se a supor que todos eles tenham sido atingidos por uma clava antes de mergulhar no precipício, possivelmente como parte de um ritual conduzido por um sacerdote encarregado de garantir sua passagem para o além. 


A Cultura dos Chachapoya já se encontrava em franca decadência quando eles tiveram seu primeiro contato com os espanhóis. Inicialmente os Chachapoya deram as boas vindas aos colonizadores brancos já que eles lutavam contra os Incas. Mas a paz não durou muito tempo. Os europeus trouxeram doenças contra as quais os povos andinos não tinham imunidade: por volta de 1600, estima-se que mais de 92% de sua população que um dia chegou a mais de 300,000 tenha sido erradicada. Não apenas os micro-organismos foram os causadores desse genocídio, os conquistadores espanhóis se empenharam em devastar o modo de vida dos nativos acabando com sua história, sua memória, suas crenças e suas realizações. 

Aqueles poucos Chachapoya que sobreviveram foram forçados a pagar tributos aos seus novos senhores; os chefes perderam seu poder e suas terras, os xamãs foram proibidos de conduzir seus rituais e dentro de poucas gerações os Deuses começaram a ser esquecidos ou gradualmente substituídos pelo Deus Cristão. Os Chachapoya lutaram uma última rebelião em 1538, de acordo com os registros dos padres espanhóis que reconheceram o valor deles como guerreiros ferozes, mas mesmo então eles já estavam muito reduzidos. Há rumores que Kuelap tenha sido usada como fortaleza pelos rebeldes nessa rebelião, mas não há registros a respeito.

A rebeldia dos Chachapoya terminou por enfurecer os espanhóis. Após serem derrotados muitos guerreiros foram conduzidos a centros urbanos usados pelos conquistadores e julgados como feiticeiros. A fama dos xamãs Chachapoya justificou a instauração de um Auto de Fé Inquisitorial que queimou vivo centenas de nativos.

Não há evidência sugerindo que os espanhóis tenham descoberto a localização de Kuelap, mas a busca por cidades perdidas fascinava os Conquistadores que acreditavam haver ruínas cheias de tesouros, reclamadas pela selva. Muitos nativos foram torturados para revelar a localização de tais cidadelas perdidas, mas até onde se sabe, os espanhóis nunca adentraram Kuelap, ao menos oficialmente. Com o tempo, a existência desses lugares passou a ser considerada apenas como lenda semelhante a mítica Eldorado.


Após sua redescoberta, a cidade foi vandalizada por caçadores de tesouros e riqueza. Algumas áreas foram escavadas sem qualquer cuidado e há indícios que alguns prédios tenham sido explodidos com dinamite tamanha a sanha por riqueza que o lugar suscitava. Se havia algo valioso em Kuelap, os tesouros foram pilhados e removidos há muito tempo. Nada havia para satisfazer o desejo por ouro e pedras preciosas, câmaras vazias e nichos com restos humanos era tudo que restava. Furiosos, os caçadores partiram de mãos vazias amaldiçoando o enigmático povo que ergueu aqueles muros. 

Quando os primeiros arqueólogos chegaram a Kuelap encontraram o lugar em estado lastimável, mas ainda haviam tesouros arqueológicos a serem recuperados das ruínas. Não em profusão como em Machu Pichu, o que fez Kuelap ser sempre preterida.

Hoje, as ruínas se encontram protegidas, repousando no platô em que seus alicerces foram erigidos, a base de uma Civilização Perdida. Kuelap ainda manifesta um notável poder e presença: os prédios vazios ecoam as memórias de um lugar que um dia foi o Centro do Universo. Se essas ruínas pudessem testemunhar a respeito de suas glórias passadas, talvez nós até concordássemos com isso.

Nota: A imagem que ilustra o alto desse artigo é do Escudo do Mestre de Rastro de Cthulhu. Essa bela arte na minha opinião sempre evocou uma aura de mistério e misticismo, um espírito pulp. Eu adoro essa gravura e embora não tenha encontrado nenhuma referência que diga que se trata de Kualup ou outra cidade pré-colombiana eu gosto de pensar que esse seja o caso.

Se alguém tiver uma ideia sobre o que representa o desenho sinta-se a vontade para dizer. 

Mas como ele é bonito demais para ser ignorado, fico com ele para emoldurar essa estória sobre Cidades Perdidas engolidas pela Selva.

5 comentários:

  1. Esse blog é excelente, acabei de o conhecer, vou voltar aqui semanalmente para ler as novidades.

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  2. Ótima matéria.

    Parece que vários povos pré-colombianos possuem rituais de sepultamento bem exóticos.

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  3. Parabéns pelo texto e pelo Blog. Sempre encontro assuntos muito interessantes aqui.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Esse Blog me serve de inspiração e de fonte de consulta para as histórias que escrevo, continue com o ótimo trabalho

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