quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Páginas do Diário - Notas da Campanha Horror on the Orient Express


Não tem muito tempo, escrevi um artigo a respeito de Diários de Campanha em RPG. Quem não leu pode acessar através do link.

Por motivos aleatórios, acabei esquecendo de postar o complemento dele que trata de meu diário mais antigo.

Trata-se do meu diário da Campanha "Horror on the Orient Express", escrito em 1994-95, quando eu joguei a tal campanha uma das mais saudosas lembranças da minha "carreira de jogador de RPG".

Caras, esse é de longe meu caderno de notas de campanha mais querido. Por muitos anos ele ficou no fundo de um armário e eu até achei que o tivesse perdido para sempre - talvez o tivesse deixado na casa de alguém ou jogado fora por acidente. 

Mas nada como uma mudança para encontrar nossas relíquias mais antigas...

Nem vou comentar a felicidade de quando encontrei o velho Diário de Lady Helen Marie Hutchington, Condessa de Olenska, sobrevivente da fatídica jornada do Oriente Express a Constantinopla (e volta), Investigadora Notável do Clube Hades para Damas e Cavalheiros.

Ao longo de cerca de 300 (!!!!) páginas está a história de nossa campanha narrada de maneira romanceada em primeira pessoa como se fossem as memórias da personagem - um marco do roleplay que só era viável numa época em que a gente tinha tempo e disposição para essas loucuras...

O mais legal é que além do diário em si, encontrei dentro dele uma série de props da campanha, cartas simulando correspondência e material usado durante as sessões de jogo.

Material muito bacana que merece ser postado num artigo com fotos.

Então, sem mais delongas...


Por fora, o diário não é grandes coisas...

Eu usei uma dessas agendas antigas e funcionou bem. 

Lady Olenska era baseada na atriz Grace Kelly, não apenas por que eu adorava a atriz e por que ela tinha APP 17, mas por que de alguma forma tinha tudo à ver usar a imagem dela para a personagem.

Se não me engano, tinha mais algumas imagens dela pré-internet, mas não achei essas dentro do diário, uma pena...

Se não me engano, ainda tenho a ficha em algum lugar numa pasta.

Antes que perguntem, sim, as páginas foram envelhecidas com suco de limão (ou borra de café, não lembro direito). Nem todo o diário recebeu esse tratamento, acho que lá pelas tantas a tinta começou a ficar borrada e para não perder o que havia escrito resolvi deixar para envelhecer as páginas em outra ocasião - o que nunca aconteceu.

Mas deu um efeito bem legal!


Lembro quando eu era moleque de ter levado o "diário" para algum lugar e ter aberto ele no ônibus. 

Uma senhora sentada ao meu lado esticava o olho cheia de curiosidade sempre que eu virava uma página para olhar o que estava escrito. Lá pelas tantas ela não se conteve e perguntou: 

"Esse livro aí é muito antigo, meu filho?"

E eu prevendo a pergunta já tinha até ensaiado o que dizer:

"É um diário de uma parente dos anos 20, minha bis-avó".

Ao que a Senhora com um ar pensativo respondeu:

"Nossa, estou vendo! O lugar disso era num museu, as páginas estão até amareladas."

Bom, se passou por autêntico, fico feliz. 😉

Outro detalhe interessante a respeito do Diário é que ele foi usado como prop no jogo.

Quando um personagem/jogador novo entrou na metade da campanha, a maneira como ele tomou conhecimento dos acontecimentos do jogo até então, foi lendo o diário. Ele não sabia de nada a respeito dos cenários e foi muito legal ter uma aventura só para contar os detalhes do que estava escrito no diário.

Alguns handouts que ficaram comigo foram colados nas páginas para servir como referência dos acontecimentos da aventura.

O diário foi bem útil para ajudar na investigação e nos detalhes, sobretudo, por que a campanha é longa e há muitos detalhes que podem passar desapercebidos.

Essas daqui são algumas das cartas e da correspondência trocada entre os jogadores. Isso sobreviveu porque estava dentro do diário, inclusive o "passaporte britânico" que eu fiz para minha personagem.

Essa carta com selo chegou ao cúmulo de ter um selo postal emitido pelo Império Austro-Húngaro (tá bom confesso, eu tinha coleção de selos!) já que ela havia sido despachada pelos correios daquele país.

O selo era o sinal universal de "mensagem secreta", já que ele havia sido colado de cabeça para baixo! Os jogadores fizeram um teste para descobrir que havia uma mensagem secreta na carta e depois de muito procurar encontraram a mensagem no lado esquerdo inferior da folha de papel.

Escrita com suco de limão, a mensagem poderia ser lida depois de aproximar a borda de uma fonte de calor, no caso, uma vela.  

É... eu tinha visto, "O Nome da Rosa' e queria testar para ver se funcionava! E surpresa, funcionou!


Essa aqui era a carta com "Últimos desejos e Vontades" para o caso da personagem não sobreviver até o final da campanha.



















Como metade do grupo já havia morrido, enlouquecido ou pior, nada mais justo do que a personagem relacionar o que deveria ser feito em caso de morte, loucura, ou pior dos que haviam restado...
A carta final continha uma espécie de testamento da personagem com alguns pedidos e instruções para um segundo grupo intervir caso eles não conseguissem sucesso em frustrar os planos do Culto do Skinless One.


No melhor estilo Lovecraftiano, a personagem se despedia de uma maneira muito dramática - a essa altura a sanidade já estava baixa e parecia que não ia dar para completar a viagem.

Mas ela acabou sendo um dos (poucos) sobreviventes da campanha.

Bom é isso!

O Diário de um dos meus personagens favoritos.

*     *     *

Caras, enquanto estava escrevendo essa postagem encontrei essa página com a oferta de um Diário artesanal para ser usado em Call of Cthulhu.

Minha nossa, que coisa linda!

Detalhes: Tamanho do Diário 16 x 13 cm ~ espessura de 5 cm ~ com detalhes em relevo dourado, costurado e encadernado à mão com couro italiano curtido ~ 480 páginas de papel envelhecido gramatura 100 ~ Margem com desenhos e epígrafe com frases extraídas da obra de H.P. Lovecraft.

Ao custo de (ai, ai), US$ 75,00, mas chega a doer de tão maneiro!



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