quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Tralhas de RPG: Diários de Campanha


E aí pessoal,

Tralhas de RPG está de volta depois de um longo tempo.

Para os que não sabem ou não se recordam essa é uma série de artigos a respeito de material de RPG que acumulei ao longo de muitos anos jogando e mestrando. São props, papéis, fichas, documentos, textos e mais uma tonelada de quinquilharias e coisas que se juntaram e que finalmente consegui reunir agora que tenho mais espaço físico.

Nessa artigo, vou dedicar algumas linhas (e fotos! Muitas fotos) a um prop muito útil para aprofundar o jogo e facilitar a compreensão de tramas, em especial longas campanhas cheias de detalhes. São os DIÁRIOS DE CAMPANHA.

Cadernos, livros, agendas ou seja lá o que for onde os detalhes e acontecimentos das aventuras são anotados para futuras referências e para consulta dos jogadores.

Esse é um recurso extremamente útil para que aqueles pequenos (porém importantes) detalhes de sua campanha não sejam esquecidos. Não apenas o plot central da trama - esse em geral o grupo recorda, mas os nomes de certos personagens as cidades visitadas, os inimigos vencidos e outros pequenos detalhes que não deveriam ser esquecidos pelos grupos de heróis, investigadores e aventureiros.
Ao longo dos anos eu fui refinando o modelo dos meus Diários de Campanha.

No início eles eram bem simples, apenas umas linhas com um resumo dos acontecimentos da aventura concluída e algumas linhas gerais de como foi o jogo.

Com o tempo eles foram se tornando mais completos e abrangentes.


Um dos modelos mais interessantes tinha a forma de um diário escrito à várias mãos, no qual cada jogador era responsável por adicionar um trecho ou uma entrada de acontecimentos como se tivessem estas sido pinçadas do diário pessoal dos seus personagens. Funciona bem, sobretudo se você "subornar" os jogadores com XP ou pontos extras pela sua colaboração.

 Outra maneira de refinar os diários e torná-los mais interessantes foi aproveitar os Handouts (as pistas obtidas em cada sessão) e ir colando eles nas páginas. Isso nos levou a desenhos, imagens e gráficos que faziam com que os diários parecessem "diários" de verdade, como se tivessem sido escritos pelos personagens em primeira pessoa.

Eu recomendo a utilização de Diários em qualquer campanha longa ou naquelas em que os jogadores queiram interagir com a ambientação e contribuir para os acontecimentos quase como um "narrador dentro da narrativa". Diários de Jogo funcionam quase como uma estória paralela, sendo contada por quem está vivendo os eventos e quer registrar para posteridade os acontecimentos. Por vezes eles reúnem conclusões, pistas e servem com um acréscimo para a criatividade e interação do grupo.

A seguir estão fotos de alguns dos meus Diários de Campanha, a maioria parados em um hiato, mas alguns bem usados, tendo rendido várias páginas de boas estórias, lembranças e recordações...

Dungeons and Dragons 5th - Campanha de Forgotten Realms

Esse é um dos meus diários mais recentes, ele faz parte de uma Campanha de Forgotten Realms.


Nessa campanha em especial, os jogadores são membros de Casas Reais de Alta Estirpe que estão envolvidos em uma complicada trama envolvendo o retorno de demônios e uma conspiração das sombras.


Muitas das primeiras aventuras envolvem a troca de cartas entre os personagens e importantes NPCs que aconselhavam o grupo a respeito do que deveria ser feito e como eles deveriam se portar diante dos indícios e ameaças.


Não vou dar muitos detalhes a respeito, mas uma das aventuras inclusive envolveu ter que encontrar uma importante correspondência que havia sido roubada por inimigos e que poderia produzir muitos danos se caíssem nas mãos do inimigo. No final da aventura, o grupo não apenas conseguiu reaver as pistas, mas em um momento de excelente roleplay forjou uma correspondência falsa para atrapalhar os planos dos inimigos fazendo com que eles acreditassem em algo diferente do planejado.  

Ao invés deles simplesmente dizerem que iam forjar as informações, pedi a eles que ESCREVESSEM a carta e foi incrível ver que eles não apenas fizeram isso, como tentaram imitar a caligrafia do personagem para que ela ficasse  mais próxima possível!


Esse diário ficou bem bacana e útil, sobretudo por que eles precisavam lembrar do nome de vários NPCs e coadjuvantes que tinham envolvimento na história. 

DIÁRIO DA CAMPANHA DE RAVENLOFT


Nossa, esse aqui deixou saudades!

A Campanha de Ravenloft durou quase quatro anos e levou o grupo do primeiro ao décimo nível, isso tudo em um grupo de oito jogadores.


Nessa Campanha, o grupo tentava deter o que os místicos e sábios da Terra das Brumas chamavam de "Time of Utter Darkness" (Tempo da Escuridão Completa).

Inspirado pela saga do Monstro do Pântano, nela os personagens não sabiam exatamente o que estava acontecendo, tinham somente indícios de que um inimigo misterioso estava conspirando para trazer de volta a Escuridão adormecida no Great Rift (um despenhadeiro sem fundo no coração dos domínios).

O grupo ia aos poucos descobrindo que essa coisa estava para ser acordada através do medo, pavor e dos temores coletados na Terra das Brumas. Para isso, monstros estavam mais fortes do que nunca, loucura estava sendo incentivada e todos os lugares, dos menores vilarejos até as grandes cidades estavam sob o cerco dos horrores das brumas.

A campanha deixou saudades...





Uma das coisas legais dessa campanha era que cada jogador escrevia um trecho dos aconteciemntos e os personagens reagiam cada um de uma maneira diferente. Cada entrada no diário tinha um ponto de vista único e pessoal.

Esse trecho acima, sempre foi um dos meus favoritos...

BEYOND DE MOUNTAINS OF MADNESS - Chamado de Cthulhu


BEYOND THE MOUNTAINS OF MADNESS (BtMoM) é uma das maiores e mais completas campanhas de todos os tempos.

O grau de detalhismo nessa mega-ubber campaign chega a beirar a doença.

Isso sem falar que o mestre precisa coordenar mais de 50 NPCs e mais uma tonelada de coadjuvantes no decorrer da história.

Pedi para que o grupo ajudasse fazendo um diário de Campanha com suas impressões e os detalhes de cada cenário. Infelizmente, não acabamos essa campanha, mas ela deixou um registro bem legal de tudo o que aconteceu.


O Diário tinha a forma de um relatório dos progressos e descobertas da Expedição Starkweather-Moore a distante Antártida.


O diário ajudou muito no reconhecimento dos NPCs e no papel de cada um dos membros da Expedição. Também serviu para detalhar o cronograma da expedição, os preparativos e os primeiros dias do grupo no solo gelado da Antártida.

Havia um álbum de fotos, mas esse eu nãos ei onde foi parar.


O Diário tinha a forma de um Livro de Notas no qual anotações se seguiam a cada dia.

Ainda que fosse simples, o diário ficou bem legal.

DIÁRIO DA CAMPANHA DE ONE RING


Aqui eu confesso que trapaceei um pouco.

Ao invés de usar um caderno ou livro de notas, eu preferi recorrer a um Diário de verdade, com imagens e desenhos de rodapé. Uma vez que era um diário para anotações ligadas ao Senhor dos Anéis, ficou perfeito para ser o Diário de Campanha de One Ring.


Páginas e mais páginas escritas por Belgo, um homem que na época dos acontecimentos era um menino e que testemunhou o surgimento e ascensão de uma Companhia de Aventureiros desde seu início modesto até se tornarem verdadeiros heróis da Terra Média.


"Foi graças aos heróis que eu e meu pai fomos salvos! Nessa época, a Companhia ainda não existia e creio ser justo apontar o destino, ou a providência, como responsável pela intervenção deles no mais dramático dos momentos. Meu pai era um homem simples, mas mesmo ele, não tinha como ignorar aquela feliz coincidência. Um grupo tão extraordinário de indivíduos se reuniu pela casualidade para nos resgatar".

Eu adorei esse início de Campanha.

DIÁRIO DE CHAMADO DE CTHULHU - A CEIA DOS CORVOS


Se não estou enganado, esse diário já foi apresentado aqui, mas ele merece destaque novamente.

Esse diário foi o primeiro em que usei imagens retiradas da internet e desenhos para ilustrar as páginas como um diário de verdade.

Deu trabalho, mas ficou bem legal essa mistura de elementos e anotações.


Outra coisa legal, é que o personagem escrevia os acontecimentos em primeira pessoa e tentava formular as questões e reunir os indícios para compreender o mistério que estava sendo investigado.


O resultado foi uma caderneta de investigador onde perguntas eram feitas e a medida que respostas eram obtidas, iam sendo inseridas nas páginas. Como resultado a coisa cresceu e o diário ficou bem extenso.


O Caso envolvia medonhos assassinatos nas ruas de Boston do início do Século XX. Investigações em vários lugares, visitas a templos maçônicos e é claro elementos ainda mais estranhos como pór exemplo um caso de Combustão Espontânea.

A pesquisa do personagem a respeito do tema, resultou em um Handout que foi distribuído aos jogadores a respeito do assunto. Mais tarde, este se tornou uma matéria aqui no blog.

CAMPANHA O FILHO DAS ESTRELAS - CHAMADO DE CTHULHU


Outra campanha que acho já foi apresentada aqui no Blog anos atrás.

A enorme quantidade de props, handouts e fotografias exigia que um Diário de Campanha fosse feito para acompanhar o progresso de uma investigação que se iniciava em Arkham, passava pelo Pacífico Sul e depois entrava na China e na imensidão dos Desertos da Mongólia.


De todos os diários, este talvez tenha sido um dos mais interessantes no que diz respeito a disposição das pistas e dos indícios.


Diferentes dos outros Diários, para este usei um arquivo tipo fichário, bem pequeno no qual eu podia escrever nas folhas em espiral e furar as pistas e handouts colocando diretamente na espiral de metal.

O resultado? Ficou muito bom! Parecia um diário de campo, daqueles usados em expedições no período.


Muitas imagens, desenhos, pistas e gráficos nesse diário.


Eu adorava essa fotografia e os comentários nas margens. Ficou uma excelente combinação as páginas pautadas e as em branco se alternando com material de recurso.


Isso sem falar dos mapas e das muitas fotografias que no diário eram inclusive nomeadas e explicadas, para que a gente soubesse o que estava olhando. Modéstia à parte, esse ficou show!

DIÁRIO DE CAMPANHA DEADLANDS NOIR

O que nos leva ao meu Diário de Campanha mais recente.

Deadlands Noir!


Para esse diário, preferi usar um daqueles cadernos escolares de composição, usados nos Estados Unidos e que custam uma bagatela.

Alô pessoal que vai viajar para lá, esses cadernos saem por alguns centavos e ficam erfeitos para serem usados como Diários de Campanha.


Deadlands Noir é uma daquelas ambientações que imploram por um Diário de Campanha no melhor estilo Noir. Com anotações d epistas, fotos de suspeitos e comentários ora irônicos, ora cínicos, mas sempre sarcásticos.


O estilo do Diário foi semelhante ao que usei o Diário da Campaha Ceia dos Corvos. Com anotações das pistas se alternando com fotografias e imagens da Nova Orleans de 1935.


A medida que a investigação progredia, mais pistas eram anotadas, mas outras questões surgiam.


Reconheço que em certos momentos ficou parecendo um diário de garota adolescente, mas na boa, ficou bem simpático e ajudava a entender o caso.


E é claro, como era uma campanha Noir em New Orleans cada capítulo começava com um comentário sobre o tempo, sempre abafado, quente, chuvoso ou úmido.

Bom, esses são alguns Diários de Campanha.

Tem outros e um que eu espero transformar em uma matéria exclusiva dedicada a ele, visto que foi um dos Diários que mais me deu trabalho para criar e que mais gostei de escrever. Mas isso é para outro artigo...

5 comentários:

  1. Duca. Hoje em dia me contento em escrever a história, gravar o desenrolar das aventuras no celular e depois passar a limpo no word pra manter um registro mínimo das campanhas.

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  2. Caramba, muito bom! Deu de 10 a 0 nos diários de campanha que fiz. Na minha maior campanha, só resolvi começar a guardar impressos, handouts e detalhes algum tempo depois de ter começado. Quando fomos encerrar, escrevi tudo o que tinha acontecido desde a primeira sessão (guardadas as devidas faltas e retcons causados pelo esquecimento) como se fosse um relatório dos Zhentarim.

    Hoje uso o Obsidian Portal como diário de campanha e sinto a necessidade de preparar uns props bacanas assim.

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  3. Bom o meu grupo faz o diário coletivo, ou seja cada sessão um participante post no facebook do grupo o que ocorreu na sessão e assim sucessivamente, vamos montando um diáio.

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  4. No RPG que mestrei por alguns anos, desenvolvi o hábito de desenhar resumos de cada sessão, resumia um dia de aventuras em uma cena que envolvesse todos os personagens geralmente de maneira engraçada. Era interessante ver o resultado depois quando os jogadores identificavam seus personagens e interagiam relembrando os acontecimentos e tirando sarro de outrosahahahha

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